sábado, 31 de maio de 2008

A Irmã da Minha Filha.




Sylvinha sempre quis ter um irmão ou irmã. Lá pelos seis anos andava com um boneco de pano grande e engraçado para lá e para cá. E falava com ele como se fosse gente.

O nome do boneco era "Ruberto”, assim mesmo com o som de "u". Um dia ela o levou junto em uma visita ao pediatra, que me chamou atenção:

_ Evelyne, Sylvia está querendo um irmãozinho.

Respondi que sabia, mas que naquele momento não era adequado, pois ainda precisávamos nos estabilizar profissionalmente.

O tempo foi passando e veio a separação quando Sylvinha tinha 10 anos. Filha única, de pais separados. Era uma preocupação para algumas pessoas da família, pois achavam que ela era muito mimada.

Na verdade, Vinha foi e continua sendo muito amada e cresceu cheia de qualidades, contrariando àqueles que achavam que a menina ficaria "estragada."

Bom comportamento tem recompensa e a esperança deve ser cultivada. Aos vinte um anos Sylvinha ganhou uma irmãzinha. Nasceu Maria Clara, uma coisinha fofa e ela foi se acostumando aos poucos à vida com uma irmã.

A propósito, desde que soube do novidade uma amiga sempre me perguntava:

_ O que esse bebê é seu, Veca?

Eu não sabia responder, mas quando conheci Clarinha ou Maria como Sylvinha chama, achei uma coisinha linda e até peguei no braço, com a licença da mãe, que permitiu com boa vontade.

Hoje é o primeiro aniversário da irmã de Sylvinha. A festa idealizada pelos pais, com o apoio da irmã quase arquiteta formada, vai ser linda.

Recebi o convite, que se não deu a resposta exata à pergunta de minha amiga, me serve muito bem. No envelope estava escrito:"para tia Evelyne". È diferente, mas é quase assim que me sinto. Acho-a lindinha e quero ser chamada de tia.

Meu beijo e os parabéns hoje vão para Maria Clara, Sylvio, Valéria e óbviamente, para a irmã da aniversariante minha filhota linda, Sylvinha.

Desejo toda felicidade para a irmã de minha filha.

Evelyne Furtado
Publicado no Recanto das Letras em 31/05/2008
Código do texto: T1013681

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Tênue Felicidade.



Vem a noite
Com minha saudade.
Andam juntas
E festejam
Nos inferninhos
Minha tênue felicidade.



Evelyne Furtado
Publicado no Recanto das Letras em 30/05/2008
Código do texto: T1012443

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Fuga dos Padrões.



Fujo dos padrões quando amo
Pois o amor em mim é tanto
Que não se fecha em modelos prontos.

"Amar se aprende amando"
Disse Drummond, o poeta gauche
Lição sábia para aprendizes eternos como eu.

Não há escola de amor
Há amor em escolas, em ruas, vielas
Praias, camas, casas, quartos à meia luz.

Falo do amor que conheço
Do amor que sinto
Do amor que me trouxe aqui

Amor com ardor, grandeza, doçura
com dor, choro, fúria,
pele, sonhos e luxúria

Evelyne em 23 de maio de 2008.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

FOME DE VIDA.




Meu apetite aumenta. Não, dessa vez é fome, mesmo. Fome de palavras. Fome de música. Fome de gente. Há um espaço enorme aqui pedindo mais. A minha necessidade de repor energia é eterna. Como é imortal o desejo de interação. Meu corpo e meu espírito clamam por alimentos. Mas não qualquer alimento. Esse é o meu problema maior. Clamo por um prato de justiça. Detesto quando a ignoram. O espaço espiritual continua largo, mas escrever também me nutre. Assim escrevo compulsivamente. Outras vezes leio da mesma forma ansiosa. Em outras como e me esbaldo em chocolates, pipocas, coca zero, café, massas. Mas também me esbaldo em carinhos. Sou boa em dar e receber. Uma mulher sensorial. Aparentemente calma, mas faminta de vida. Da vida que eu quero ter.

Evelyne Furtado
Publicado no Recanto das Letras em 26/05/2008
Código do texto: T1006676

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Textos, Mistérios e Paixões.

Há textos que me emocionam a cada leitura. Textos e textos. Por um deles cometi um crime. Por outro acho que fui perdoada.Perco-me em emoções várias. Sinto vontade de chorar e choro. Encanto-me. Fascino-me. Sou receptiva e fico feliz, mas também tenho receio de neles mergulhar. Palavras são palavras, já diz uma composição popular e tenho uma história de amor com elas. Guardo-as com carinho, pois não largo o amor em um arquivo qualquer.Mistérios são até certo ponto feitos para desvendar. O último que desvendei veio de olhos bem fechados. Foi dificil em sua alma penetrar.Textos e mistérios me fascinam. O homem por trás deles pode me fascinar muito mais, pois o mistério não acaba com o primeiro, nem com o segundo olhar.Textos me dão flores roubadas e me param a respiração. O homem me traz a paixão. Eu ouço Cazuza, enquanto escrevo.Sou tímida e as palavras também me ajudam. Sou reservada, mas gosto de brincar, se e a mão que toca a minha me leva a confiar. Se assim for, vou sem medo de arriscar.
Textos, mistérios, timidez, ousadia, amor, compreensão, ira e perdão fazem parte da minha essência. Da sua não? Por isso vivo. Por isso erro e me perdôo todos os dias.



Evelyne Furtado, 23 de maio de 2008.

domingo, 25 de maio de 2008

Abraço o Mistério.

Eu abraço o mistério
ainda que me inquiete.
Eu receio magoar
quem me dá prazer
em contemplar.
Portanto, o mistério eu abraço
e ponto final,
até que ele venha (espontaneamente)
desfazer, do presente, o laço.



Evelyne Furtado
Publicado no Recanto das Letras em 24/05/2008
Código do texto: T1003974

sábado, 24 de maio de 2008

Dispo-me.


Dispo-me
a despeito de toda timidez
vence a força interior
de ter tuas mãos em minha tez.

Ganha-me a sede,
quando ao teu olhar faminto,
exponho-me ao reflexo
e sou inteiramente instinto.

Rendo-me completamente
à força maior que conheço:
amor, prazer, plenitude
sem fim, sem meio, sem começo.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Confesso: roubei suas flores.



Eu sei que não foi feito para mim, mas coube em mim como se você tivesse tirado as minhas medidas. Como se você me fotografasse todos os dias. Um instantâneo feito agora provaria.

Um texto com autoria e dedicado a alguém pode ser de qualquer leitor que o leia?

Ah, como eu quero uma resposta afirmativa. Ah, como me faria feliz se um poeta me visse dessa forma lírica e gostasse tanto de mim.

Hoje li uma frase linda que dizia assim: “Ser humano é levantar todos os dias", do escritor e jornalista Nei Duclós, no Comunique-se. Bem ou mal é melhor levantarmos, nem que seja para ler escritos assim; nem que seja para ver refletido nossos olhos vermelhos, pois também choro levantando ou não.

Graças a Deus não me faltam amigos bons, mas me falta aquele pedaço de alma que perco e encontro, sem nunca retê-lo em mim. Falta-me também paciência e me sobra ansiedade. Talvez seja essa a razão de não eternizar a chama que me aquece.

Você conhece alguém como eu. Você escreveu lindamente para ela e eu recebi como se as flores fossem para mim. Roubei-as, todavia ninguém notou, acho, mas a minha honestidade faz com que eu confesse o furto do buquê.

Você sabe que eu adoro rir? Verdade. Tanto choro, como dou gargalhadas, só que cada pedacinho que me levam eu choro e por isso eu roubo flores.

Não. Eu não sou ladra. Foi só dessa vez e de outras também com outros textos e com letras de músicas que me apodero como se minhas fossem. Afora esses casos não ponho a mão no alheio.

E sendo redundante digo que gosto muito de rir e de quem me faz rir.
Não sou triste: sou saudosa e sensível. Justifico assim minha admiração e meu crime. Não resisti a tal beleza e a tanto carinho.

Portanto não me condene. Ao contrário, permita-me ficar com algumas flores do seu jardim. Ninguém notará a diferença. Ele continuará cada vez mais bonito e eu me sentirei mais feliz.

Evelyne Furtado
Publicado no Recanto das Letras em 21/05/2008
Código do texto: T999786

quarta-feira, 21 de maio de 2008

EU QUERO SER MARTHA MEDEIROS.



Alguém já assistiu ao filme EU QUERO SER JOHN MALKOVICH? Eu já. Mas isso não vem ao caso, pois do filme eu so quero o título para dizer EU QUERO SER MARTHA MEDEIROS, de forma a expressar a minha admiração por uma das minhas escritoras preferidas. Aquela com quem mais identifico dessa geração.

Transcrevo um texto que gostaria de ter escrito e compartilho com vocês um primor de Crônica atribuida a Martha Medeiros, com direito ao luxo dos versos de Adélia Prado.

DOIDA OU SANTA?

"Estou no começo do meu desespero e só vejo dois caminhos: ou viro doida ou santa".

São versos de Adélia Prado, retirados do poema A Serenata. Narra a inquietude de uma mulher que imagina que mais cedo ou mais tarde um homem virá arrebatá-la, logo ela que está envelhecendo e está tomada pela indecisão - não sabe como receber um novo amor não dispondo mais de juventude. E encerra:

"De que modo vou abrir a janela, se não for doida? Como a fecharei, se não for santa?".

Adélia é uma poeta danada de boa. E perspicaz. Como pode uma mulher buscar uma definição exata para si mesma, estando em plena meia-idade, depois de já ter trilhado uma longa estrada onde encontrou alegrias e desilusões, e tendo ainda mais estrada pela frente? Se ela tiver coragem de passar por mais alegrias e desilusões - e a gente sabe como as desilusões devastam - terá que ser meio doida. Se preferir se abster de emoções fortes e apaziguar seu coração, então a santidade é a opção. Eu nem preciso dizer o que penso sobre isso, preciso?

Mas vamos lá. Pra começo de conversa, não acredito que haja uma única mulher no mundo que seja santa. Os marmanjos devem estar de cabelo em pé: como assim, e a minha mãe??? Nem ela, caríssimos, nem ela.

Existe mulher cansada, que é outra coisa. Ela deu tanto azar em suas relações que desanimou. Ela ficou tão sem dinheiro de uns tempos pra cá que deixou de ter vaidade. Ela perdeu tanto a fé em dias melhores que passou a se contentar com dias medíocres. Guardou sua loucura em alguma gaveta e nem lembra mais.

Santa mesmo, só Nossa Senhora, mas cá entre nós, não é uma doideira o modo como ela engravidou? (não se escandalize, não me mande e-mails, estou brin-can-do).

Toda mulher é doida. Impossível não ser. A gente nasce com um dispositivo interno que nos informa desde cedo que, sem amor, a vida não vale a pena ser vivida, e dá-lhe usar nosso poder de sedução para encontrar "the big one", aquele que será inteligente, másculo, se importará com nossos sentimentos e não nos deixará na mão jamais. Uma tarefa que dá para ocupar uma vida, não é mesmo? Mas, além disso, temos que ser independentes, bonitas, ter filhos e fingir de vez em quando que somos santas, ajuizadas, responsáveis, e que nunca, mas nunca, pensaremos em jogar tudo pro alto e embarcar num navio-pirata comandado pelo Johnny Depp, ou então virar uma cafetina, sei lá, diga aí uma fantasia secreta, sua imaginação deve ser melhor que a minha.

Eu só conheço mulher louca. Pense em qualquer uma que você conhece e me diga se ela não tem ao menos três dessas qualificações: exagerada, dramática, verborrágica, maníaca, fantasiosa, apaixonada, delirante. Pois então. Também é louca. E fascina a todos.

Todas as mulheres estão dispostas a abrir a janela, não importa a idade que tenham. Nossa insanidade tem nome: chama-se Vontade de Viver até a Última Gota. Só as cansadas é que se recusam a levantar da cadeira para ver quem está chamando lá fora. E santa, fica combinado, não existe. Uma mulher que só reze, que tenha desistido dos prazeres da inquietude, que não deseja mais nada? Você vai concordar comigo: só sendo louca de pedra."


(Martha Medeiros, pelo menos foi atribuida a ela esse texto que recebi por e-mail e adorei)
Evelyne Furtado

terça-feira, 20 de maio de 2008

Gesto Vão.

No escuro busquei a mão
(que já vi estendida)
num gesto vão.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Senhora Dona do Baile.


Talvez o fato mais importante na vida da escritora Zélia Gattai tenha sido casar com Jorge Amado. Na visão dela, claro. Eles eram apaixonados e viveram cinqüenta e seis anos juntos. Durante a maior parte de sua vida Zélia assessorou Jorge. Ela revisava e datilografa seus textos e até dirigia para o escritor.
Então Zélia começou a escrever as suas memórias aos 63 anos. E passamos a conhecer Zélia, sua família italiana, Lalu, a sogra engraçada, James e Joelson, irmãos de Jorge, João Carlos (filho de seu primeiro casamento), Paloma e João Paulo, seus filhos com Jorge.
A rica vida de Zélia Gattai foi sendo narrada a partir de Anarquistas, Graças a Deus, livro onde ela relata sua infância e adolescência em São Paulo, bem como as alegrias e as dificuldades da família italiana, principalmente depois que o Brasil juntou-se aos aliados na Segunda Guerra Mundial.
Em Um Chapéu para a Viagem, começa a aventura de Zélia e Jorge pelo mundo. Jorge, o deputado comunista vai ao exílio e Zélia com ele. Amei conhecer através das memórias dela, Paris, Praga, União Soviética e tantos outros paises, alguns que nem lembro agora.
Também adorei os relatos da amizade do casal com Pablo Neruda, Sartre, Simonne, Caribé, Picasso entre outras personalidades.
A Senhora Dona do Baile, volta ao Brasil e continua sua vida ao lado do escritor mais célebre do Brasil: "Jorge", seu amor maior.
Li com uma doce gratificação as memórias de Zélia Gattai. Vibrei com sua eleição para ocupar a vaga do marido na Academia Brasileira de Letras, ainda que metidos intelectuais a esnobassem.
Zélia contou e contou muito bem a vida de dois grandes escritores, descrevendo com precisão o cenário mundial da época em que viveram.
Quem leu A Casa do Rio Vermelho e Código de Família, sentiu-se íntima da família Amado. Descobriu que Zélia e Jorge adoravam as novelas das oito, por exemplo. Que tinham hábitos comuns e que se amavam muito.
Zélia era uma simpatia. Eu gostava de ler Zélia tanto quanto adorava ouvir suas entrevistas. Era um prazer ver aqueles dois juntos.
Jorge morreu e Zélia morreu um pouco com ele, mas ainda teve fôlego para terminar a obra conjunta, embora literariamente diferente. Morro de saudade dos dois,mas os livros deles estão aí para releituras e matarmos a saudade.
Eles? Estarão juntos no jardim da casa do Rio Vermelho, em Salvador, e quem sabe em outra vida, pois , segundo Paloma , filha dos dois, seu pai repetia sempre que " o seu materialismo não o limitava".

sexta-feira, 16 de maio de 2008

SABOR DE CANA



Tocar de um amigo a mão
Oferecer a quem deseja o pão
Saciar a quem tem sede
Ninar um bebê em uma rede
Fazer um elogio franco
Te prometer um dia branco
Fazer um amigo feliz
Salvá-lo da dor por um triz
É quando vale muito ser humana
Como um beijo com sabor da cana.


Evelyne Furtado

quinta-feira, 15 de maio de 2008

A Menina e a Mulher.



Andei com a uma menina à minha frente por muito tempo. Não me refiro à minha filha, mas àquela menina que mora em mim e que foi tão magoada.

A mulher dizia proteger a menina da dor, do abandono, da desilusão. Mas na verdade era a menina que agia e não a mulher.

Não era um ato de covardia. A menina era eu mesma: uma mulher feita. Um mulherão, amando e sofrendo como uma menina.

De uns tempos para cá pensei ter esquecido a menina. Será que amadureci e não preciso mais da dela?

A prícípio me senti feliz. Depois me preocupei.

O que fiz da menina?

Ah, meu Deus, será que para me tornar madura eu tive que matar a menina? Não! Definitivamente não! Eu não mato ninguém, quanto mais a menina que morava em mim. Minha companheira de tantos anos...

Então recebi um lembrete de um amigo dizendo para eu dar sempre a mão à menina. Que alegria, você me deu, menino! Você viu a menina que eu achava ter perdido.

A partir daí percebi que ela estava aqui bem pertinho. Agora de mãos dadas enfrentaremos o mundo. Prometo protegê-la do que possa magoá-la. E serei eu, a mulher madura, a conduzi-la.

Evitarei certos constrangimentos para uma menininha. Mas não a largarei mais. Daremos boas risadas, faremos palhaçadas, algumas aventuras seguras e a ninarei com afeto.

Obrigada, meu querido, por me trazer de volta a menina. Cuide bem de sua criança interior também!

Beijos meus e dela.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Marina Silva.


Registro meu apoio à ex-ministra do Meio Ambiente, que pediu demissão do cargo hoje à tarde. Sem entrar no mérito, declaro a minha admiração a Marina Silva, uma mulher com uma história de vida belíssima, que ao contrário de outros integrantes do Governo não vendeu sua alma, nem sua ideologia ao poder. Nunca achei que ela combinasse com o Governo atual e estranhava sua lealdade. Agora entendo. Ela era fiel à sua missão, motivo pela qual chegou a ser ridicularizada. Saiu a tempo, talvez consiga lutar mais pelo Meio Ambiente e por sua Amazônia do lado de cá. E o governo perde seu ícone mais puro.

Quando a Minha Alma se Despe.



Não ando por aí com a alma despida. Uma alma como a minha, ou a sua, está sempre recoberta de camadas e mais camadas de proteção às emoções, aos medos, às culpas, às dores, aos prazeres e aos amores. Mantenho em conforto minha alma. Evito o contato direto com ela o tempo todo. Pois nem sempre posso lhe dar atenção.
Não dá para expor a parte mais importante de mim às intempéries. Protejo-a da rejeição, das ofensas, das mentiras e de algumas verdades. Há dias que percebo a minha alma mais frágil e redobro meus cuidados. Vai ver que alguém me julga e a atinge irremediavelmente. Haja tempo para a sua recuperação.
Tenho meus cuidados, claro. Mas basta um toque suave, um olhar de alma para alma, uma confiança maior e ela, minha alma, aparece como nasceu. Mostra-se nua exposta ao sol e a chuva, ao riso e ao choro, ao amor e ao prazer. Reconheço-a na hora a sua luminosidade. Pois nossas almas são iluminadas, principalmente quando em boa companhia.

sábado, 10 de maio de 2008

ALMA NUA.

Não esconda seu sorriso
Atrás dessa expressão blasé
A alegria é bem melhor
E eu já ri com você

Não tema seus sentimentos
A escolha é sua:
É só evitar novos ferimentos.

A noite é sua moradia
Nela você se inspira
Mas o sol tem sua magia.

Mescle sol e lua
Na nova composição
E cante sem preconceitos
A sua alma nua.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Os Relacionamentos e a Hipocrisia II



Volto ao tema Relacionamentos e Hipocrisia analisando o termo " hipocrisia" consoante o Dicionário Houais que assim o define: "característica do que é hipócrita; falsidade; dissimulação; ato ou efeito de fingir, de dissimular os verdadeiros sentimentos, intenções; fingimento, falsidade; caráter daquilo que carece de sinceridade".

Não proclamo a verdade acima de tudo. Estou certa de que muitas vezes a verdade pode fazer um mal maior do que uma mentira diplomática.

O que critico é a hipocrisia como um dos fundamentos das relações. Há pessoas hipócritas e relações hipócritas. Relacionamentos baseados na dissimulação. Onde um finge que não faz e o outro finge que não vê. Se funciona, ótimo!

O que me aflige é a ausência de verdade na essência. Quando a hipocrisia é a base de um relacionamento e posteriormente de uma família. Pessoas que se unem com propósitos diferentes e velados, formando famílias quase sempre frustradas.

Quando há amor, desejo e respeito recíproco não há espaço para a hipocrisia. Há confiança no outro, tornando desnecessária a farsa. Um deslize inconfesso não vai afetar a dinâmica desse relacionamento.

Todavia, há relações formadas por dissimulações. Todos fingem. Ninguém expõe suas verdades. Os pais iniciam a farsa e passam meias verdades aos filhos de quem cobram um comportamento que eles não têm.

Não prego a verdade nua abalando as estruturas emocionais dos que formam uma relação amorosa. Falo da verdade dos sentimentos. Não é a sinceridade ao pé da letra que deve ser valorizado, mas a sinceridade das emoções e o respeito genuíno pelo outro.

Evelyne Furtado
Publicado no Recanto das Letras em 06/05/2008
Código do texto: T977344

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Retorno.


Toda pedra que eu atirar
Com tal força
A mim voltará

terça-feira, 6 de maio de 2008

Os Relacionamentos e a Hipocrisia I



Cansa-me a hipocrisia que impera entre as relações sociais. Pior ainda quando ela faz parte dos relacionamentos amorosos. E ao longo da história das instituições familiares a hipocrisia integrou e ainda integra os casamentos e as famílias.

Até o início do século passado a prática era adotada por todas as "boas" famílias. O casamento era sagrado e os homens pulavam a cerca sem que as mulheres sequer ousassem reclamar: uma mulher para ser a mãe dos filhos e outra(s) para o prazer. Esse costume, por incrível que pareça ainda perdura, o que mudou foi a reação das mulheres, que atualmente reclamam e até se separam por esse motivo.

Eles mentem. Elas mentem. Usam jogos de sedução. Eles gostam de mulheres sensuais, mas se assustam quando a mulher assume seus apetites sexuais. Nessa altura, algumas mulheres fingem não ser tão ousadas para não assustar o parceiro. Este, às vezes, disfarça , mas faz suas críticas veladas para deixá-las inseguras.

E pode ocorrer o contrário. Algumas mulheres não gostam tanto assim do sexo com o parceiro e faz de conta que gostam. Simulam excitação (não sei como conseguem) e fingem orgasmo. E eles ficam satisfeitos da vida.

Eles continuam pulando a cerca. Agora elas também pulam. Mas apesar de algumas estatísticas que li por aí, não dá nem para comparar a diferença em números e oportunidades. Eles continuam traindo muito mais.

E negam. Negam até morrer, mesmo que as evidências estejam na marca de batom da cueca ou em fotografias apresentadas por detetives. Para ser justa, acho que algumas mulheres também negam, porém a maioria das mulheres que traem, preferem sair da relação. Ressalto que esse dado vem da observação, não posso confirmar com números.

A hipocrisia começa no namoro. Poucos se mostram como são de verdade. Mostramos - aqui me incluo, pois todos fazemos isso - nosso melhor lado para seduzir e depois vamos nos revelando aos poucos.

É natural, até porque queremos agradar; e ficamos mais atraentes. O feio é continuar jogando nossos defeitos embaixo do tapete com o avanço da relação e surpreender lá na frente quando o parceiro ou parceira se encontra totalmente envolvido.

Eu, uma sonhadora quase irrecuperável, não gosto de hipocrisia e apesar de sonhar com a melhor parte do ser amado, gosto de saber a que veio e aonde pretende ir. Fantasiar dentro dos limites de segurança é válido. Hipocrisia não. Pelo menos não comigo, que não aprendi a jogar.


Evelyne Furtado

05 de maio de 2008.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Nossas Estrelas.



Antes de dormir saí à janela
Vi um céu escuro com núvens disformes
Borrões de cores indefinidas
E eu que queria colher estrelas para lhe oferecer
Não vi nenhuma.
Não vou poder lhe levar estrelas antes de adormecer.

Faremos amor no escuro
E criaremos nós mesmos as nossas estrelas.

domingo, 4 de maio de 2008

Recebendo a Solidão.

Há sempre um dia
Para receber a solidão
E o faço como posso.
Já a recebi com lágrimas
Hoje a recepciono
Ainda com emoção
Que é melhor que o tédio:
Ausência de comoção.

Enfrento-a cara-a-cara
Sem medo, pois ainda
É preferível ao nada
Desde que eu faça uso dela
Para criar algo que me faça companhia
Nessa noite de ausências toda minha.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

ESCOLHA.



Entre o rancor

E a mágoa silente

Eu canto o amor
.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

O Lado Quente Do Ser


Composição : Marina Lima e Antonio Cícero


Eu gosto de ser mulher
Sonhar arder de amor
Desde que sou uma menina
De ser feliz ou sofrer
Com quem eu faça calor
Esse querer me ilumina
E eu não quero amor nada de menos
Dispense os jogos desses mais ou menos
Pra que pequenos vícios
Se o amor são fogos que se acendem
Sem artifícios
Eu já quis ser bailarina
São coisas que não esqueço
E continuo ainda a sê-la
Minha vida me alucina
É como um filme que faço
Mas faço melhor ainda
Do que as estrelas
Então eu digo amor, chegue mais perto
E prove ao certo qual é o meu sabor
Ouça meu peito agora
Venha compor uma trilha sonora para o amor
Eu gosto de ser mulher
Que mostra mais o que sente
O lado quente do ser
Que canta mais docemente