segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

O que tem para hoje?


Hoje não me interessa o fim do mundo, o aquecimento global e a insensatez do homem que destrói a si e ao semelhante. Também dispenso notícia ruim, mau olhado, intriga e pessimismo.

Peço licença para desviar meu olhar das paisagens obscuras, do sangue no jornal, das letras que anunciam a maldade e da morbidez que vicia.

Quero sentar de frente para o mar, ouvir boa música e rir de bobagem. Para mais tarde, quem sabe, uma comédia romântica, poesia ou romance policial.

Para quem achar que meu desejo é escapismo, digo que tem toda razão: escapar, hoje, é preciso.

Portanto, diga que acredita em Deus e na humanidade, fale de amor e cite um autor otimista para variar. E mande daí - se tiver - boas novas e a sua alegria que hoje quero minha.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Num Corpo Só.


A que é coragem
É por vezes uma ratinha
A meiga ao lado da ranzinzinha
Uma transborda alegria
A outra se afoga em melancolia.
Uma acolhe
A outra repudia.
Uma se esconde,
A outra se revela em demasia.
Uma é puro instinto,
A outra tudo avalia.
Uma é autodidata,
A outra cursou academia.
Uma é um Deus nos acuda,
A outra busca a harmonia.
Uma pensa demais
A outra desvaria.
Uma é prosa
A outra é poesia.

Evelyne Furtado

19 de janeiro de 2010.

Torpedo.


Com carinho,
acalanto na madrugada,
teus toques.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Quando a Terra Tremeu.


Enquanto pensava sobre o que escreveria a terra tremeu por aqui. Não senti, confesso, mas o apresentador do jornal da TV local sentiu e não disfarçou.

Não sei bem a razão pela qual não percebi o que aparentemente todos perceberam, mas desconfio: meus pés não estavam no chão, a minha cabeça estava muito longe e o tremor foi rápido.

Dei graças pela rapidez e pequena intensidade do tremor de terra. Mas tenho que tomar providências rápidas quanto à tendência a me perder em abstrações.

Deixo com a natureza o que é dela, esperando que a acomodação da terra se dê com suavidade e sem maiores transtornos. De minhas acomodações cuido eu com o máximo de respeito também.

De volta ao solo, dou passos aliviados, porém cautelosos em direção ao futuro, nesse janeiro quente como Deus quer.

A cidade só tremeu um pouquinho; eu já tremi com mais intensidade, por isso todo cuidado é necessário.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Primeiras Impressões.


Nem pediu, mas teve direito à lua cheia, além de abraços, dos votos de feliz ano novo e da ceia.
A lua estava lá reinando naturalmente sobre todos os fogos de artifício. Desperdício de luzes artificiais em ano que começa com a lua plena.
2010 chegou com a natureza se impondo em beleza no lado de cá. O sol nasceu com uma faixa rosa na linha do horizonte, onde água e ar se misturavam em diferentes tons de azul. Festa para olhos e almas.
Tudo azul por aqui. Até no leve vestido que usava. Uma boa escolha, pois antes da chuva, a madrugada trouxe um calor desumano tal qual a letra de Djavan. Sem os girassóis, mas com Ipês: roxos, amarelos, lindos e milagreiros.
Celular sem sinal. Dificuldade para expressar mais amor em palavras. Poucas as que conseguiu ouvir e falar. Muitas as que elevaram seus pensamentos em íntimas preces.
A vontade de ser feliz e de ver o mundo feliz venceu todos os argumentos lógicos. Recolheu-se um pouco. Entregou a Deus a si e aos seus por mais um ano.
O sol já ia alto na tarde do primeiro dia quando em contato com a areia deliciosamente fria ela se mantinha em doce gratidão.

Evelyne Furtado, 04 de janeiro de 2009.