sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

O Perfil de Mulher saúda 2008, através de Carlos Drummond de Andrade.


Para alguns a noite do dia 31 de dezembro é como outra qualquer e a vida apenas tem continuidade no dia seguinte. Uma questão de calendário. Sem magia, sem grandes expectativas, sem estardalhaços. Até compreendo. Na verdade é isso mesmo que ocorre, mas não abro mão de aproveitar a oportunidade para renovar as esperanças e desejar dias melhores aos que por aqui passam, pois é o que costumo fazer com os que amo. Aqui o farei através do grande e doce poeta Carlos Drummond de Andrade.


Receita de ano novo


Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)


Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Éden.


A minha pele, quero tal pétala
Suave aos teus dedos
Que me percorrem.
O mundo somos nós
Nada mais existe
Apenas a pétala
E um jardineiro hábil
Levando-me de volta ao Éden.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Reflexões e Desejos de Fim de Ano do Perfil de Mulher.



Tenho motivos suficientes para me sentir feliz e me envergonho por assim não me sentir. Tenho uma família ótima e os melhores amigos. Fui agraciada com privilégios em um país de muitas desigualdades.
Não sou muito convencional e sou sensível em excesso. A mesma sensibilidade que me salva, também maltrata. Sou clara e sinto necessidade de ser honesta. Detesto injustiças, inclusive quando me julgam mal.
Detesto perdas e as venho acumulando. Não sou a única a perder. Não deveria ser tão mimada. Mas sou e me culpo. Tenho muitos defeitos. Alguns eu já aceito; outros tento superar. Sou ávida de liberdade e de afeto. Fomes aparentemente conflitantes.
Tudo isso é pelo ano que se encerra e com ele fecham-se ciclos. Perdi convívios. Perdi o senso, algumas vezes. Feri gente que amo e pedi perdão. Também ganhei e não gostaria de perder mais nada.
Quero saciar meus desejos e admitir que alguns não dependem da minha vontade. Adoraria que me vissem como realmente sou, porém nem isso posso exigir.
Quero sair dessa fase mais frágil e Sylvinha, minha filha, é o meu maior motivo. Outros motivos me movem: que esses se façam presentes. Quero amor, saúde e paz. Não só para mim, mas começando aqui no meu coração sinceramente sentimental, para que o meu desejo seja forte e límpido e chegue a todos os anjos que me acompanham ou já me acompanharam nessa jornada. Desejo a todos um Feliz Natal!
Beijos
Evelyne

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

O Córrego e o Rio.



Vejo um córrego passando em frente
Leva um barquinho iluminado por mim
Singela beleza
Fortes intenções.
Os votos são de esperança
De que o filete de água faça-se rio
De que os nossos desejos tornem-se vivos
De que a vida flua em sábia harmonia.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Eu Vou.



Mansa ou louca
Vou pela vida andando,
Em largas avenidas ou
Em estreitas veredas.

Entoando cânticos, vou.
Lavada em lágrimas ,vou.
Em pleno gozo, vou.
Em gargalhadas, vou.


Entre paredes, vou.
Pisando em nuvens, vou.
Com a alma livre , vou!

domingo, 16 de dezembro de 2007

A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS



A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS
Autor: Markus Zusak


O livro em foco estava na lista dos mais vendidos há algum tempo e sempre que eu ía a livraria dava uma olhada em sua bela capa. O autor de nome estranho, Marcus Zusak e a orelha do livro me faziam devolvê-lo a estante. Até aí só o título me atraía. Folheando-o percebi que se tratava de uma menina na Alemanha durante a Segunda Grande Guerra e sua história era narrada por ninguém menos que a morte. Pronto. Comprei uns cinco livros antes de comprar A Menina que Roubava Livros. E a partir daí, não larguei Liesel Memiger, sua família e seus amigos até terminar a leitura.
O autor, um australiano,filho de alemães, inova, seduz e emociona o leitor. Amei Liesel desde o começo da leitura e fui me apaixonando pelos demais personagens à medida que me adiantava na leitura. Até então havia lido pouco sobre alemães "normais” - não nazistas- e o livro me deu essa oportunidade.
O amor de Liesel pelos livros é uma atração à parte. Os livros davam significado à sua vida. Os personagens são muito interessantes, mas o que mais me impressionou foi à imaginação do autor, criando A Morte para contar sua história. E a narradora é dona de uma ternura inimaginável. Essa Morte que encontrou a menina três vezes não tem nada de má. Ao contrário é uma espécie de redentora e há trechos lindos no romance. Quando ela recolhe os corpos feridos com um cuidado quase carinhoso.
O livro é rico em lirismo, apesar da crueza da guerra e trata com suavidade e suprema beleza os momentos tristes narrados.
A Menina que Roubava Livros passou 43 semanas na lista dos livros mais vendidos do New York Times e seu autor tem apenas 31 anos.

Recomendo, encantada.

Evelyne Furtado

sábado, 15 de dezembro de 2007

Saudade Congênita

No consultório médico Livy aguardava o diagnóstico. Só podia ser algo muito grave. Não conhecia ninguém com aqueles sintomas. Tentara tudo antes de chegar àquele especialista e havia cumprido todas as recomendações. A princípio sentia-se melhor, mas a qualquer momento voltava a sentir o aperto no peito, a falta de ar e as dores que se espalhavam por todo seu corpo, até que ela começava a chorar. O choro vinha aos poucos. Duas lágrimas mornas escorriam nos cantos dos olhos escuros, pouco depois, o choro, ia num crescendo que logo Livy estava a soluçar. Às vezes o pranto era tão sentido e prolongado que parecia se eternizar. Claro que as lágrimas, na maioria das vezes, a aliviavam, mas em outras não lhe traziam esse conforto.
Enfim, o médico a olhava de frente e Livy reunia forças para escutá-lo: “Livy, você tem uma doença congênita". Até aí nada de novo, pois sua mãe dizia que ele era chorona quando bebê. Livy, indaga se o mal é grave? O médico diz que não mata, mas faz sofrer.Complementa que a cura é difícil. Livy pergunta qual o nome de sua doença. Ele a olha com ternura e diz; “ Tens um pequeno problema no coração. Trata-se de” saudade congênita “. " Nasceste com um gen que a torna saudosa dos momentos de amor e ternura, sempre que aquele que a faz feliz afasta-se de ti, teu coração reduz o ritmo dos batimentos e reages como se lhe tirassem um pouco de vida”. Livy assimilou o diagnóstico e quis saber o prognóstico. “Livy, precisas aprender a conviver com isso. É um aprendizado difícil, mas conseguirás". “E se eu evitar o amor, Doutor?" Quis saber Livy.
“Não recomendo. Você é uma mulher amável e tem lá seus momentos de felicidade. Ao fechar-te, tornar-te-as amarga". E continuou; “Viva seus amores e abra-se para a alegria. Isso ajudará a viver melhor”. Livy agradece ao médico e sai do consultório, disposta a buscar alegria, pois não deixará de amar. Conviverá com a "saudade congênita" até que ela não a maltrate mais tanto assim.

Evelyne Furtado

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

CÈU DA BOCA.



O meu querer é fazer
Explodir o teu querer
No céu da minha boca.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

AMOR ASSIM



AMOR A MIM,
ENFIM
NADA DE CORRRER ATRÁS DE TI
AMOR A TI E A MIM
SE QUISERES COMIGO VIR
SUAVE SERÁ
O AMOR A MIM E A TI
AMEMOS SIM.
SE FOR ASSIM.
AMOR POR IGUAL.
A TI E A MIM.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Um Herói Para Mim




Sorvi promessas
Bebi ilusão
Jantei com Pantagruel
Brindei com Baco
Deitei com Apolo
Amei com Eros e Platão.
Fui amante de Zeus
De Ganimedes, irmã
Eu só buscava o amor
Mas depois em ânsias
Despertei solidão
Ainda sonho com um homem
Que me ame assim
Como Ulisses a Penélope
(mas que volte sim)
Ou como um Hercules
Um herói só pra mim.

Evelyne Furtado,10/10/07.


quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Laís



Tomo a liberdade de tratar hoje do perfil de uma mulher mais que especial para mim: minha mãe, Laís Furtado. E sem a menor dúvida sei que sua personalidade a coloca entre as grandes mulheres que conheci. Uma menina aquinhoada com as vantagens materiais na infância cresceu em um lar feliz. Sensível, curiosa e inteligente, formou-se na faculdade de Letras, onde além de aprender o ofício que exerce até hoje, pois continua dando aulas de francês a um grupo de amigas, conheceu meu pai e tornou-se sua namorada. Esta paixão, a maior de todas, resistiu à partida prematura do seu amado. Teve a sorte de viver uma história de amor que transcendeu à morte. Teve a sorte de ser amada como poucas mulheres foram. Tivemos, nós seus filhos, a sorte de tê-los como pais e vivermos em um ambiente de puro amor. Minha mãe comemora seus 70 anos e nós não a vemos como uma senhora da terceira idade. Sua energia, às vezes é confundida com ansiedade, mas no fundo, sabemos que ela quer sempre mais da vida. Superou todas as perdas e em alguns momentos se diz frágil. Porém, a mulher de quem falo não tem nada de frágil. Ela é forte e não se dá conta. Suas forças são originadas no amor vivido, na alegria contagiante, na sede de conhecimento e na solidariedade. Além de amor, sinto profunda admiração por minha mãe. E desejo muitos aniversários como o que hoje comemoramos. Regado a bons pratos, boas risadas, muitos abraços e os doces que ela adora.
À mamãe toda felicidade possível e todo amor que ela cativou. Deixo Nina Simonne em Ne me quite pas como um mimo para você.

Beijos mãeeeeee e feliz aniversário!

Evelyne Maria em 06 de dezembro de 2007.


domingo, 2 de dezembro de 2007

A Mulher e o Caminhar



O caminho ela o faz sem pensar. Aje como as ondas do mar. Num movimento impossível de descontinuar. Já evita sonhar. Em briga louca entre a razão e a instigante emoção. Segue assim, a mulher. Sem dono a lhe comandar. Livre de algemas. Solta e só. Com uma melodia a lhe acompanhar: "onde tudo começou? "; "onde foi para o amor? "; "o que fazer com o que restou?"

Lá dentro ela sabe a resposta: tudo faz parte dela. Revela-se no rosto e no olhar. Insinua-se no seu modo de andar.