segunda-feira, 29 de março de 2010

Palavras e Silêncios.


A palavra serve-me como expressão do que sou, do que penso, do que tento entender no outro e em mim.
O silêncio é também uma forma de expressão. Admiro os que o utilizam com honestidade e estilo.
Não sei exercer palavra ou silêncio estrategicamente. Falo quando tenho vontade e oportunidade de falar. Calo quando sou obrigada ou quando não sei como dizer, pois na minha ansiedade quase sempre tenho ímpeto de falar.
Às vezes visto silêncios com palavras, da mesma forma que uso roupas para esconder a nudez. Posso valorizar a verdade ou simplesmente disfarçá-la com adornos vistosos que desviam o foco da atenção do que realmente sinto. Mas a verdade continua presente seja lá com que roupa venha a se apresentar.
Motivos internos ou externos guiam minha voz e, até onde posso perceber, esse movimento de avanço e recuo é espontâneo.
No momento aprendo a silenciar e, por enquanto, não há traço de arte ou elegância em meu silêncio, que é nascido da mesma fonte de onde nascem minhas palavras.
A autocrítica e a arrogância por constatar que não sou tão boa com as palavras abortam meu discurso. Algumas palavras nascem condenadas ao constrangimento posterior. Outros sentimentos me impedem de ser delicada como gostaria e nesses casos calo com certo sofrimento.
Conforta-me pensar que ainda estou exercitando na vida e que tenho muito a aprender, pois pensando dessa forma posso ter esperança que um dia saberei usar melhor a palavra e o silêncio.

terça-feira, 23 de março de 2010

Ao Mar.


No começo da tarde juntei na barra da saia silêncios e palavras.
Desci a ladeira com cuidado para não derramá-los.
Na orla minhas mãos soltaram a saia e eles ganharam o mar.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Refazendo


A cabeça percorreu caminhos tortuosos. A alma acompanhou o labirinto. Veredas e torreões. Sol entre as núvens. Breu e clarão.
Pausas para se recuperar. Ímpetos a chamá-la. Sentimentos desorganizados: Dor,conforto, aflição, esperança. Tudo lá.
O novo emergindo em conflito com o estabelecido. Sinapses e o corpo sacudindo na colisão.
A bússula apontando nortes incompatíveis com a bagagem de mão. Toda calma para separar o que é essencial do que pode ser deixado para trás: O obsoleto do atemporal.
Largar o que não mais tem utilidade. Acrescentar o novo indispensável. Nas mãos esconde um pouco de ilusão entre as verdades. Não dá para prosseguir -ainda- sem elas.
Revê e sente o passado. Tenta e desiste de advinhar o futuro. No presente contabiliza perdas e ganhos. Longo suspiro!
Outra mulher? Não em essência. Refaz-se para continuar. Vê-se melhor e enxerga a vida com mais acuidade. Em meio a um resto da confusão, a certeza que lá fora faz um dia bom!

segunda-feira, 8 de março de 2010

PARA ELES



Na celebração do Dia Internacional da Mulher eu saio do lugar comum e me dirijo aos homens que historicamente dormiram com uma mulher submissa e acordaram com uma mulher dona de si.

Lembro que o surgimento dessa mulher é muito recente e que ainda estamos vivendo o despertar da nova realidade com susto e dificuldade para ambos os sexos no convívio.

Cumprimento os que já aprenderam a respeitar e a amar a mulher como ser diferente, porém com direitos iguais. Esses já desfrutam do privilégio de conviverem com a mulher por inteiro.

Parabenizo, os que estão tentando vencer os preconceitos milenares em nome da melhor convivência entre os gêneros, pois imagino não ser fácil lidar com a mulher questionadora, dona do seu corpo, de sua mente e de sua vontade.

Dirijo-me, por fim, àqueles que ainda não querem conhecer essa mulher e aos que se sentem ameaçados afirmando que sempre haverá espaço para eles na vida dessas mulheres, afinal, carinho, proteção, companheirismo e olhar masculino são bem-vindos.



Super-Homem, a Canção.
Gilberto Gil

Um dia vivi a ilusão de que ser homem bastaria
Que o mundo masculino tudo me daria
Do que eu quisesse ter

Que nada, minha porção mulher que até então se resguardara
É a porção melhor que trago em mim agora
É o que me faz viver

Quem dera pudesse todo homem compreender, ó mãe, quem dera
Ser o verão no apogeu da primavera
E só por ela ser

Quem sabe o super-homem venha nos restituir a glória
Mudando como um Deus o curso da história
Por causa da mulher

Quem sabe o super-homem venha nos restituir a glória
Mudando como um deus o curso da história
Por causa da mulher.