quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Mezanino.


Vôo interrompido
Consagração do destino
Recuo decidido
Ainda tento acançá-lo
Na meia distância
Sonhando no mezanino.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

A Mulher e o Livro.


Passa os olhos pela capa e avidamente se dirige às primeiras palavras. Não sem antes por seu nome na página de rosto. Hábito antigo. Gesto de posse marcando o objeto que lhe encanta desde a infância.
Só não rabisca livro emprestado. Os seus assina, põe data, sublinha o que lhe é importante e registra a sua impressão.
Se o conteúdo é sagrado; com o objeto sua relação é profana,íntima e afetuosa. Quando se agarra a um livro vive uma ligação intensa até a última página.
Para os puristas é uma leitora sem escrúpulos. Vai do policial a Shakespeare na boa. Ama Machado e J.K. Rowling. Gabriel Garcia Marques e Agatha Christie.
Adora Rachel de Queiroz e admira Clarice Lispector.
Saboreia os versos de Cora Coralina, venera Pessoa e Drummond. Canta baixinho, como quem está aprendendo a ler, os sonetos de Vinicius.
Passeia pelo Rio Grande de Érico Verissimo e pela França de Balzac com interesse. Leu Raízes do Brasil e Leite Derramado alternadamente: pai e filho em estilos absolutamente diversos, nem por isso incompatíveis.
Ainda convive com os personagens de Monteiro Lobato como se fossem amigos de infãncia.
Augusto e a Moreninha, Capitu e Bentinho, Ana Terra, Gabriela, Rodrigo Cambará, Emma Bovary, Harry e Hermione, entre outros personagens,inclusive os de carne em osso em biografias como Brando, Pedro I, Pedro Nava (o personagem e o memorialista), Nelson Rodrigues e o próprio Balzac povoam seu universo íntimo.
Vive dramas, descobre culturas diversas e se apaixona por personagens como uma adolescente. Na cama, na rede, no sofá ou na praia pode se ver a mulher e o livro. Companheiros inseparáveis e fiéis desde sempre.
Agora ela está entre os nórdicos acompanhando Mikael e Lisbeth em mais uma leitura instigante e forte, mas narrada com leveza. E assim irá até o próximo livro.

* Imagem encontrada no Google.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Em meio à festa

Olhares molhados
Denunciam
Corações inundados.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

CRUA


Crua, a minha expressão,
Nasce da ponta da faca ou da mão
Que perfura ou afaga.
Minha fala grita e sussurra
E quando calo, ainda assim, falo
Silêncio nem sempre calmo
Pois que ainda a serenidade caço
Em monólogo ou diálogo.
Não ou sim digo com alma,
Pranto ou gargalhad.
Também o olhar molhado, em minha face,
Convive com o riso desenhado.
Avanço, recuo e caio
Entro e saio.
Não nego dor ou alegria
Não aprendi a dissimular
Tarde demais para praticar
Meu espírito é noite, tarde e dia
De dentro para fora
De fora para dentro
Expresso amor, abandono, euforia.

* Tela de Jóse Manuel Merello

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Recomeço.


De repente estancou. Para ser mais precisa, não ocorreu assim de súbito. Ela nunca foi dada a longos escritos.
Por um período experimentou formatos diferentes, ousou e se sentiu bem. Porém começou a economizar demais nas palavras.
É verdade que deu grandes passos na vida por essa época e nisso se empenhou. Também não é mentira que produzia belos escritos na mente, que murchavam antes de se materializarem.
A sensibilidade que já a impulsionara agora a paralisava: o medo de errar emperrava seus dedos, a prudência a calava, a autocrítica embaralhava cada vez mais as letras e nada a satisfazia.
Aos poucos a autora foi murchando em uma agonia tão intensa quanto seus textos de antes. O prazer escapara e deixara em seu lugar uma tristeza tímida.
Até que um fim de tarde de agosto ela teve um breve encontro com sua espontaneidade de aprendiz e resolveu falar.
Pouco importava se já haviam escrito melhor sobre dores, alegrias e amores. Voltaria a falar dos sentimentos do seu jeito feminimo e a registrar sua visão do mundo da maneira que sabia fazer.
É apenas um recomeço, mas estou aqui torcendo para que a alma liberta retorne aos seus escritos.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009


Cor de rosa e café
Meu papel de parede
Colei com fé

Aroma e cor
Cultivando sementes
Protejo-me da dor.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Vestindo Esperança.


A natureza grita, aviões desfazem-se no ar, bandidos e policiais trocam tiros, o apelo ao consumo chega de todos lados, a competição é amplamente estimulada e os interesses materiais atropelam a sensibilidade.
Acompanhamos tragédias em qualquer parte do mundo em tempo real e sofremos um pouquinho a cada notícia sem nos darmos conta da sensação de impotência que aumenta à medida em que vamos de um fato noticiado a outro em velocidade estonteante.
Somos espectadores da vida real e quando nos colocarmos no lugar de quem sofre a dor é quase insuportável.
Será que precisamos de nervos de aço para vivermos na modernidade?
Meus sentimentos não cabem em armaduras, por isso andam por aqui seminus vestidos de esperança.