domingo, 31 de agosto de 2008

IKEBANA


Não sei fazer haicais
Também não sei usar no amor
As Artes da Guerra.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

AME!


Qual é a graça? Sim. A sua graça. Muito prazer! Sou Evelyne. Veca para os íntimos. O apelido que meu pai me deu. Gosto das duas formas. Minha mãe escolheu Evelyne Maria e hoje acho bonito e significativo.

Também gosto do seu. Nome de pessoas queridas.

O que eu faço? Vivo. O que gosto mais de fazer é amar. Amo minha filha, minha mãe, meu pai, que já não mora aqui na terra, mas permaneço amando, meus irmãos, tios, primos,sobrinhos, amigos...

O amor romântico? Desse nem falo. É o amor que mais me impulsiona, me revira a cabeça, corpo, alma e coração. E não tem garantia como os demais que citei. Talvez seja por isso que me desestabiliza.

Tenho tanto medo de perder e perco, às vezes sem explicação. Se dói? Uma das maiores dores. Mas vale à pena. Melhor que nunca ter amado.

Aconselho: ame! E tente não ter medo. É a maior aventura do ser humano. Melhor que montanha russa. Melhor até que ir à lua.

E a ternura do antes e depois? Não é bom? Ah, meu Deus! É coisa de Deus sim.

Não se preocupe com "amores" passageiros. Eles nos preparam para os outros. Aquele que permanece é impossível de ser ignorado.

Há que se ter uma boa dose de paciência, confiança e atitudes afetuosas. Cumplicidade e respeito também. Entregar-se a quem se ama é a suprema liberdade

Nem sempre dá certo. Às vezes depois de tudo isso os amantes não se reconhecem mais. Dá uma pena de quem não sabe avaliar os diamantes que a vida oferece. De quem escolhe o orgulho como escudo. Esses sabem muita coisa da vida, mas não o mais sublime que é a emoção compartilhada do começo ao fim. Esses desconhecem o perdão, coisa mais santa e amorosa.

Eu não sou assim. Mulher imperfeita, não passaria em muitos vestibulares da vida. Mas passo com louvor quando se trata de perdoar a quem amo.

Afagos, cafunés, colo e deleites são comigo. Abraço minha filha várias vezes por dia. Está assustado? Não vou lhe abraçar se você não quiser. Só abraço quando sinto reciprocidade.

O mesmo digo do beijo entre amantes e do que vem depois do beijo. Essa parte do amor é absolutamente dona de si e não tenho o menor controle depois que começa.

Ame!


Evelyne Furtado em 26 de agosto de 2008.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

EDEN.



EDEN
MESMO ABANDONADO
PERMANECE PARAÍSO.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

ANDANDO NAS NUVENS.




Anda nas nuvens. De preferência nas mais macias. Suave superfície. Ao redor todo espaço. Vê carneiros, lobos, castelos e príncipes onde ninguém mais vê.

Cantarola lindas canções, compostas em parcerias com geniais compositores. As letras dela nem sempre se entende, mas ela canta mesmo assim.

Sabe-se lá o que se passa naquela cabeça. Vez ou outra não olha por onde pisa e despenca em buracos negros.

A alma padece, seus olhos emudecem, seu corpo adoece. É quando pára e pensa. O que foi isso que passou por mim?

Na maioria dessas ocasiões é vitima do seu próprio coração, que repete erros de julgamentos, de pessoas ou bate apressado quando não deveria.

Comete barbaridades no trânsito celeste quando está assim. Não tem sinal amarelo que lhe faça parar quando quer amar. Cada batida no músculo cardíaco é de fazer capotar.

Reage com sensibilidade sem par. Está ali uma mulher que tanto ama, quanto chora, com a mesma intensidade. Vibra corpo, vibra espírito, vibra de paixão. E quando cai, fica em um morre-não-morre de desilusão.

Dana-se a comer gotas de chocolate que caem das nuvens mais em cima. Aumenta de peso e fica mais difícil ainda subir de volta ao passeio, em compensação adoça boca, estômago, coração.

Diz: não! Não! Não! Quer ouvir: sim! Sim! Sim! E nesse ir e vir de intenções sobrevive do amor que ficou no fundo do prato e dos amores que nunca lhe deixaram.

Aos poucos volta a sonhar. E de sonho em sonho, alcança uma nuvem mais alta até escalar todas que a levam ao seu caminho. Apta a viver e recomeçar.



Evelyne Furtado.

sábado, 23 de agosto de 2008

FAROL.




A CADA PASSO
NO ESCURO DADO
GUIA-ME O CALOR
DE NOITES PASSADAS
QUANDO ÉRAMOS DOIS
CORPOS FAZENDO-SE UM
FAROL A ILUMINAR O FUTURO.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Um Sonho Bom.


E de uma hora para outra se foi a conexão da web e o sinal da TV por assinatura. E nem era meia-noite. Sono, nem pensar. Esperava um jogo de vôlei na TV e escrevia.
Desistiu não sem tentar inúmeras vezes se comunicar com a empresa responsável pelos serviços. Dessa vez não havia uma, duas ou três pessoas a quem reclamar. Nenhuma ligação foi completada.
A rotina biológica avisava que não era hora de dormir. Ainda bem que tinha um livro novinho em folha para ler. Deitou-se e adentrou na lucidez do escritor. Achou interessante, pela primeira vez, a idéia do voto em branco.
A chuva lembrou-lhe alguém e o sono veio naturalmente. O despertar foi cedo e feliz, o que lhe é absolutamente estranho. Detesta acordar cedo.
Hoje não foi assim. Trabalhou com a cara boa. Soube que a pane da noite anterior havia sido geral, mas não soube o motivo. Deu de ombros.
Voltou para casa no começo da tarde e nem a chateação do horário eleitoral na rádio afetou seu humor. Não achou um CD sequer no carro.
"Onde está Maria Rita, que até ontem cantava aqui?" Claro que ninguém lhe respondeu e o percurso foi feito ouvindo aquela chatice.
" Meu deus, será que essas pessoas não se envergonham de mentirem assim?" . Mais uma vez não obteve resposta. Estava só.
Chegando em casa, um banho e o almoço. Depois não resistiu à sesta. Não havia nenhum compromisso.
Relaxou e foi então que ela se sentiu inesperadamente feliz. Um sonho bom no meio da tarde trouxe alegria e esperança à mulher que havia desistido de sonhar.

Evelyne Furtado, 19 de agosto de 2008.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Através do Vento.

Conheço os ventos
Pretéritos e presentes.
Conheço os que me afagam
Como conheço os que me açoitam
Conheço os prazeres cantados
Pelos deuses, a mim trazidos pelo vento.
Conheço as deliciosas tormentas
Tal como as angustiantes calmarias
Eu te reconheço o uivo
Tu pareces conhecer-me o gosto
Muito bem.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Ensaio sobre a Cegueira, Impressões.


Vibro quando venço um preconceito e descubro o quanto estava errada. Foi assim com José Saramago. Já tratei do assunto na crônica Enfim, Saramago, quando visualizei o gênio que antes via como um autor arrogante e de leitura hermética.
O encantamento permanece e me sinto seduzida. Em Ensaio sobre a Cegueira, o escritor português trata de um tema até recorrente, afinal, às vezes nos parece que a cegueira contaminou a todos e que ninguém vê o mundo como ele realmente é.
Qualquer pessoa que parou para refletir um pouco já pensou nessa cegueira coletiva, porém só um gênio literário poderia escrever um romance sobre o assunto, abordando aspectos terríveis do mundo habitado por cegos.
O livro lembrou-me Não Sonho Mais, uma canção do também genial Chico Buarque de Holanda, aquela em que ele diz:“foi um sonho medonho desses que às vezes a gente sonha e baba na fronha e se urina todo e quer sufocar”, pelo que revela do medo, da covardia, da imundície, da podridão e da desumanidade. Um pesadelo.
Porém, a purificação também está presente na chuva que banha as mulheres na varanda, que lava as suas roupas e as liberta do pó e das culpas.
No universo contaminado pela cegueira branca, há a Mulher do Médico, a única que vê. mas que ao invés de ser a rainha no mundo de cegos, põe-se a serviço dos que não podem ver e carrega nas costas o peso de todo grupo de cegos, com resignação, garra e amor. Em minha opinião uma das mais belas personagens da literatura moderna.
Saramago é um escritor singular, claro que quem o leu sabe disso, mas preciso dizer o quanto a mim deslumbra o seu estilo. O que me afastava de seus livros, agora me impressiona e me atrai.
Como um escritor pode escrever um romance, sem usar regras de pontuação? Ele o faz. E faz o que quer com as palavras. Abusa de provérbios. Subverte os ditames da boa escrita. Pinta, borda e produz uma obra maravilhosa.
Além da fluidez da leitura, Ensaio sobre a Cegueira mostrou-me um mundo feio que pode ser salvo pelo afeto e a coragem dos que ousam ver e amar.
Apesar de minha admiração, não sei se terei estômago para assistir ao filme de Fernando Meireles. Imagens chocam mais que palavras, como diria a Mulher do Médico.

Evelyne Maria de Barros Furtado.
17 de agosto de 2008.

domingo, 17 de agosto de 2008

Eu Fui à Lua.

Ela vem a mim
Regularmente
Movendo céu, terra, ar, enfim.

Hoje eu fui à lua
Desci a Ladeira do Sol
Lavei os olhos no mar, expus-me nua.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Depuração.


Por onde andei, nem mesmo sei.Perdi-me em minhas lembranças e saudades. O corpo refletiu o mal-estar da alma. Padeci um pouco, entre mudanças, estresse e dores físicas. Mudanças mexem comigo. Sou sensível demais e que posso fazer?
Ontem tomei um belo susto e tive que ir ao hospital de urgência. Foi rápido, apesar de sério. O resto da noite, pensei e tentei entender tudo que estava me acontecendo. Não sem uma boa dose de auto-piedade, que não nego sentir de vez em quando.
Ao fim da noite levei bronca de um amigo, por estar valorizando os aspectos negativos de minha vida que corre bem.
Claro que penso nisso. Sei que ele tem razao. Sei que posso contar com ele. Mas a reflexão de ontem, ainda em maturação, me trouxe uma luz.
Primeiro agradeci a Deus a graça que reecebi.Depois me veio um insight. Devo estar vivendo um processo de depuração: em contato com as minhas dores, delas me despedirei. Começarei a apreciar o novo e dele irei usufruir.
Assim é a vida. Não consigo passar por ela sem tentar comprendê-la, para só então seguir. Quando me apreesso, lá na frente algo vem me barrar e me fazer pensar.
Não me arrependo. Tudo foi como deveria ter sido. É o meu caminho e o faço do meu jeito e na hora certa, para mim.
Dessa vez o que me fez parar foi a série de probleminhas pelos quais passei. Estou me limpando de dentro para fora. Estou tomando pé de mim mesma e logo estarei apta a continuar, com mais força e sabedoria, se Deus quiser. E que venha o melhor!

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Na Contramão do Mundo.

O mundo exige uma nova postura
Não importa o que você sente
Não importa o que você pense
Não importa a sua dor
Não importa o seu amor
O mundo exige que você vença

A mim pouco importa o que o mundo exige
Importa-me o que você sente
Importa-me o que você pensa
Importa-me quem você ama
Importa-me que você coma
A mim importa que você viva

sábado, 9 de agosto de 2008

Um Pouco do Meu Pai.




Não me sinto com muita vontade para escrever sobre o Dia dos Pais. Já escrevi em outras ocasiões sobre o meu pai e não disse nada diante da importância dele na minha vida, mas tentarei.
É estranho dizer que a comemoração de amanhã não me comove. Mas a verdade é essa. Se meu pai estivesse conosco seria legal dedicar o dia só para ele. Escolher um livro bom para presenteá-lo, como tantas vezes fiz. Mas meu pai não está mais por aqui. Deus o quis perto dele e o levou há um bom tempo.
Eu não vi papai envelhecer. Na minha memória meu pai ainda é bonito, elegante e jovem. Também não digo que não tenho pai. Eu tenho sim, mas ele mora dentro de mim e só os daqui da casa ou os que me conhecem bem conseguem enxergá-lo através do meu olhar, que, diga-se de passagem, herdei dele, como tantas outras marcas que trago.
Não vou conseguir falar sobre ele. Não serei justa. Não serei fiel ao homem que ele foi de verdade. Aliás, ele ainda é o melhor homem que conheci.
Claro que a maioria dos filhos diz o mesmo dos seus pais e não vou pôr o meu em um concurso. Porém, meu pai resistiu à passagem da minha infância à vida adulta sem perder o título.
O herói da infância foi visto por meus olhos de vinte e poucos anos, sem que perdesse suas grandes qualidades para seus pequenos defeitos. Tenho muito dele em mim, mas nem chego perto de sua bondade; sua magnanimidade.
Meu coração sente falta do seu abraço, de sua aprovação, de seus cuidados. Mas seu amor desmedido pela família ainda mora em mim e em todos que foram afagados por ele, que não gostava de ver os que amava sofrendo.
Portanto não irei sofrer. Não deixarei meu pai preocupado lá em cima, ao contrário deixo beijos para ele e para todos os pais que amam seus filhos como ele nos amou.


Evelyne Furtado, em 09 de agosto de 2008.

Corpo Ardente.

Não sei de onde vem o incomôdo:
se do lamúrio do vento
insistente,
ou da sensibilidade
do meu corpo antes são,
ora ardente.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Auto-imagem.


Lea olhou-se no grande espelho. Há tempos não se via assim por completo. A imagem refletida mostrava-lhe todas as curvas, ondas, rugas, brilhos, traços harmoniosos e sombras. Lea de corpo inteiro aproxima-se do espelho e seus olhos estudam a si mesma.A princípio não gosta de tudo que vê: “ como mudei!" Pensa com certa insatisfação, ao mesmo tempo em que indaga o motivo pelo qual só naquele momento se via como era. Onde escondeu aquela imagem que agora encara frente a frente. Lembra-se, então, dos olhares por onde se escondeu. Recorda que até ontem ela se via através de outros olhos. Havia sempre uma Lea vista por outra pessoa. Existira sempre um par de olhos aprovando ou desaprovando sua aparência e ela ia se moldando ao que o outro avaliava. Lea não se via, pois mesmo quando se encontrava sozinha, entre uma análise externa e outra, se escondia na memória do outro. Postura contraditória para quem adorava espelhos e sorria para seus melhores ângulos. Lea agora está só de fato, apartada dos olhares que amou e que a faziam se sentir bem ou mal de acordo com o que viam. O espelho é a sua verdade. Sente falta do conforto, da aprovação e do prazer da companhia que alimentava a visão de si mesma. Sente saudade do quão iluminada se sentia em pleno ato de amor. Porém, nunca se sentira tão íntegra. Tão dona de si mesma mirando-se solitariamente. Um laivo do coração ainda doído sombreava seu olhar. Sentiu uma pontinha de dor e desamparo. Não gostava de se sentir solitária, mas era preciso e ela faria tudo para recuperar sua auto-imagem e a se amar mais. Iria se acostumar a se ver assim.Sorriu e gostou do que viu. Vislumbrou um brilho furtivo nos olhos escuros. Apagou a luz e saiu. Estaria inteira até (re)encontrar um outro olhar.

Evelyne Furtado, 06 de agosto de 2008

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Vestindo Luz.



Em prosa ou poesia ele veste de luz as páginas brancas e promete cores, além de novos amores. Busca a vida no luar, quando ela vibra em cada inspirar. Emite sons de tambores e procura um segredo que acalme seu coração. Ah, se eu soubesse! Juro que lhe ensinaria, mas a gente vai aproveitando os sopros de anjos que nos enche de vida. Às vezes o sol nos dá as costas, mas a chuva é bem-vinda. Outras vezes há sol e frio, é da natureza. Melhor deixar como está.
Não faça mais amarga a vida e cante. Uma canção linda que nos faça sonhar. Estamos mais maduros? Creio que sim. Então sonhar não faz mal, pois temos a realidade ao alcance dos pés, quando for hora de acordar. Bons sonhos!

* Texto inspirado nos escritos de The Rain Song em seu retorno ao Recanto.

domingo, 3 de agosto de 2008

Pós Mudança.

Volto. Venho à tona aos poucos. Metade cá. A outra já não está mais lá. Onde está? Ainda não achei entre as caixas que permanecem no chão.
Entre os achados e perdidos encontrei The Beatles One e ouço Eleanor Rigby. Talvez chegue a algum ponto de mim esquecido. Não faz mal se não o alcançar. Eu gosto da música e me faz bem ouví-la.
A minha árvore ficou na janela de lá. De qualquer forma já é minha e mora dentro de uma das gavetas onde guardo o belo. Eu gostava daquela janela.
Mudança é absurdamente estressante. Há momentos em que achamos que nunca mais vamos ter sossego e que o nosso mundo vai ficar de ponta cabeça para sempre. Tem alto grau de periculosidade também: ferimentos físicos, dores musculares , além de exigir concentração total para evitar danos irremediáveis.
Meu panorama é outro. Meu ninho mais bonito e confortável. O vento canta alto aqui. A cama é a mesma que me acolhe, ainda bem.
Mas sinto o pedaço que me falta. Espero que o tempo, ou você, faça-me íntegra outra vez. Melhor será contar comigo mesma e com Deus.
De qualquer forma, após alguns dias sem internet e TV a cabo estou voltando aos poucos ao mundo à minha volta, bem como às emoções embaralhadas e àquela parte de mim que não sei por onde anda.
Continuo sem entender algumas coisas; meus neurônios também estão cansados. Meu coração, no entanto, torce por mim e por você.

Evelyne Furtado.