sexta-feira, 31 de outubro de 2008

FALANDO SÉRIO.




Quando atingem você com um petardo, alguém diz para você que o atirador não merece que você chore por ele?

Se você for assaltado e lhe levam o salário do mês, as pessoas sugerem que você esqueça o ocorrido?

Nem preciso que me respondam. Nunca ouvi alguém falar isso para quem foi ferido fisicamente ou por quem tenha tido o bolso afetado.

Porém, é uníssono o conselho de que você ignore quem lhe roubou sonhos ou lhe perfurou a alma.

O texto deve ser curto, pois hoje não posso pedalar como Marília Paixão, nos seus textos dinâmicos, bem escritos e deliciosos.

Estou em repouso forçado, escrever ou navegar na web é minha atual transgressão. Quem já sentiu a dor decorrente de uma hérnia de disco, pode imaginar como dá medo transgredir.

Escrevo bobagens em um começo de tarde de outubro quando ainda venta em Natal. Jogo conversa fora com os leitores, mas falo sério, também.

Por isso falo nas dores e furtos invisíveis que laceram seres humanos tanto quantos os visíveis. Todas as pessoas sensíveis sabem disso e respeitam os que sofrem na alma.

Alimentar o sofrimento é burrice que acomete até moças inteligentes (lembrando Marília). Chorar ajuda e disso eu entendo, apesar de não ser mais a carpideira de plantão que fui. Eu choro para limpar o coração.

Bom é amar a si próprio e se cuidar. Eu me amo quando aceito a dor, quando busco compreensão, quando tomo um bom banho com aroma de flor de laranjeira, quando escrevo o que quero, mesmo que tenha que voltar para a cama já. Eu amo quem me ouve, quem me abraça e quem me faz rir.

E talvez o culpado da dor na minha coluna seja o Alan Greenspan. Aquele que reinou no Banco Central Americano. Pelo menos é o que diz a Veja dessa semana. E aceito conselhos sobre se devo ignorá-lo ou não.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Vai Passar.

Acordo, durmo e me assusto.
Repouso e não descanso
O corpo acompanha a mente
(Refluxo)
Imóvel, aguardo o remanso.

Vai passar
Sempre passa
O melhor, com o tempo
Virá.

sábado, 25 de outubro de 2008

EU PERDI A VONTADE DE GRITAR.



Despeço-me da mágoa e das nossas lembranças. Recolho-me. Aceito a atual situação sem espernear.

Será que passei do ponto?

Será que amadureci a ponto de cair?

A fase é estranha, mas não caí. Apenas me deitei à beira do riacho e perdi a vontade de gritar. Gosto do burburinho da água que passa.

A água sempre me renova, seja no mar, nos rios, nos lagos, nas piscinas ou mesmo numa deliciosa ducha descendo pelo meu corpo inteiro.

Daqui de onde estou não tenho vontade de levantar. É tão aconchegante, tão calmo, tão distante.

Esqueci alguns alguns números de telefones e todos os dia reflito se vale à pena procurá-los. Anoitece sem que eu tenha chegado a uma conlusão.

Tenho um aparelho comigo para receber ligações de quem quer me encontrar. De quem quer saber como estou. De quem se interessa pelo meu bem-estar. Através dele também sei a quem chamar.

Sair do espetáculo e dar de cara com a vida real é desagradável. Era muito mais fácil quando eu insistia no mesmo drama e não aceitava a cortina se fechando.

Também seria mais fácil mudar a fonte de ilusão fingindo acreditar nas mesmas falas, porém esse fingimento seria como o do poeta e doeria como se a dor fosse real.

Assim, fico aqui na margem do riacho. Um dia faz sol e nele me aqueço; em outro chove e me encolho de frio. Um dia canto e danço; em outro me escondo.

As águas, porém, continuam cantando em meus ouvidos e lavando os restos da festa de ontem para que eu possa receber melhor quem chegar.

Evelyne Furtado, outubro de 2008.

* Imagem da web.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

De Amor e de Sonhos.


Eu dormiria três dias para sonhar seus sonhos.
Iluminaria minhas noites com as cores dos seus sonhos.
Alimentaria meu corpo com as iguarias que você me serviria e a mimha alma com a consagração dos nossos desejos.
Nossos segredos nos uniria. Nossos prazeres, no climax, nos separariam por segundos, enquantos nossos lábios colados manteriam nossa união.
Dormiriamos um pouco mais em conchinha, para acordarmos com o sol anunciando o quarto dia.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Correrei com os Lobos.




O luar incidiu sobre mim levantando fragmentos de um passado recente. A lua tal qual uma sonda perscrutou minha mente e me tirou o sono.

Refleti, inquietei-me, arrependi-me. Fui algoz de mim mesma e nas poucas horas de sono tive pesadelos.

Todavia, não há volta. A pedra atirada não retorna com a força do pensamento. Pensar trouxe-me sofrimento e a tentativa de retomar o controle de minhas ações, por meio de uma camisa de força que torce meu corpo em tensões.

Talvez tenha amadurecido em uma noite. Pode ser que eu consiga manter as rédeas de um coração louco que vence a razão quando solto sem que tenha de privá-lo do bom viver.

Porém, não desejo a dor que a perfuratriz lunar me causou. Que graça tem a vida levada tão a sério? Quero o amadurecimento tranqüilo e sem aflições.

A noite foi de açoites e deles posso tirar proveito, mas declino da força que me poda a emoção de viver.

Pretendo correr com os lobos como corriam as mulheres de outrora, antes de serem castradas por séculos de opressões, como já quis um dia.

Resgatarei a força da mulher selvagem, pois dela preciso para viver em harmonia.

Debruçar-me-ei novamente sobre Mulheres que Correm com os Lobos, livro da psicanalista junguiana Clarissa Pinkolás Estés como auxilio terapêutico nesse novo despertar.

Há alguns anos atrás li e senti a centelha desse poder feminino, quero agora me aprofundar mais um pouco.Sem pretensão de desvendar os arquétipos junguianos da obra citada, deixarei guiar-me tão somente pela sensibilidade e conscientização de tal poder.

Quem sabe resgatarei a sabedoria do mito da “mulher-esqueleto”, aquele que ensina que “precisamos encarar e desenvolver um relacionamento com a natureza da vida-morte-vida. Quando temos esse tipo de relacionamento não saímos mais por aí à caça de fantasias, mas nos tornamos conhecedores das mortes necessárias e nascimentos surpreendentes que criam o verdadeiro relacionamento", como ensina a autora.

Terminarei de dançar com a chuva e tentarei mais uma vez correr livremente com os lobos nos próximos luares.

Evelyne Furtado em 19 de outubro de 2008.

Imagem da Web.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Lua Fantasia.


Lua fantasia
Corpo arrebata
Alma alforria.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

DANÇA DOS VÉUS.


Além de tirar os véus que me cobrem. Rasgo os véus que me impedem de ver o outro como ele realmente é. E nessa dança giro como uma odalisca tonta e perco, algumas vezes, a razão.
Confundo-me, especulo motivos, brigo com a realidade e tento fugir da confusão. Vejo filmes que me fazem rir e quando me sinto mais forte assisto aos que me fazem chorar.
Quando venço a apatia, deixo-me contaminar pela alegria da festa e isso é bom. Às vezes faço até um certo esforço para comparecer, mas quando lá chego sinto-me feliz. Em algumas ocasiôes eu me esbaldo: canto, danço e dou risadas.
O sono também me alimenta corpo e alma, contudo, nem sempre me faz acordar sorrindo. Hoje acordei com o choro preso na garganta e não queria aborrecer àqueles que vêm me ajudando a suportar as últimas dores.
Peguei o telefone pensando em ligar para um amigo que poderia auxilia-me no obstáculo concreto que preciso resolver, porém mudei a intenção em um átimo e disquei para um amigo antigo, que se prontificou a fazer o possível por mim.
E não é que ele já fez? Não solucionou o assunto profissional que me aflige, mas com uma palavra liberou meu pranto e a dor não identificável que me fazia sofrer nessa manhã.
Ele de quem retirei os véus no passado e que sempre me viu sem véus, mostrou-se amigo mais uma vez, fazendo com que eu me olhasse com mais amor, lembrando a mim mesma a mulher que ele conheceu e de quem andei esquecendo na confusão dos últimos tempos.
Nos despedimos com ternura e continuaremos amigos, se Deus quiser, pois nos perdoamos há muito tempo. Desejo a ele a mesma felicidade que quero para mim.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

O Poeta e o Porto.


Falei de porto em três versos
e o poeta ficou triste.
Porto é também alegria
aos que partem rumo
a aventuras,
nos beijos e abraços
dos que amam,
e aos que atracam
após desventuras.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Eu (também) Quero Você Sério.

Ver-lhe sério
com seu olhar de menino
brincando com o meu
entre uma frase e outra
sobre a vida
e seus dilemas
não apagou da memória
o tempo em que percorríamos
a cidade com nossas fantasias
inocentes e pouco sérias.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Uma Conversa Com Zélia Maria Freire.

Sabe, Zélia, eu ia escrever sobre Bárbara Heliodora, não a inconfidente, mas a critica de teatro, então lembrei que no primeiro texto meu que você comentou, no qual eu falava de Rodrigo Levino, o escritor talentoso que conheci aos 18 anos e que lançou seu segundo livro (um belo livro) em junho passado aos 25, você se referiu à temida Bárbara Heliodora.
Sempre fiz coro aos que a chamavam de bruxa ao receber uma crítica ruim sobre um espetáculo. Tenho medo de crítica e já tive muito mais.
Porém, eu só lia textos negativos sobre ela. Recordo que até da amiga (dela) Fernanda Montenegro ela puxou a orelha em uma peça dirigida pelo doido Gerald Thomas.
Bem, minha solidariedade aos criticados persiste. Identifico-me com eles, mas mudei minha opinião quanto à especialista e tradutora de Shakespeare.
Assisti, Dona Zélia, a uma entrevista com Bárbara Heliodora ontem no programa Sem Censura e me encantei com danada da mulher. Para você não deve ser novidade o tanto que ela sabe sobre o teatro. Eu presumia, obviamente, pois do contrário ela não seria a principal crítica teatral brasileira da atualidade. Ainda assim, espantou-me a facilidade com a qual ela falou dos elementos do teatro, de Ésquilo, a Nelson Rodrigues, passando por William Shakespeare, que desmistificou classificando-o como um autor popular, à altura do nosso Anjo Pornográfico, N.R. Elogiou Martins Pena, Moliere e João Betancourt.
O mais surpreendente foi vê-la rir de si mesma ao elogiar uma comédia com o título “Bárbara Não Lhe Adora”.
Eu adorei beber da sabedoria daquela senhora que ama o que faz e se compromete com autores, atores e público. A diaba não é feia como pintavam. Ao contrário, me pareceu uma senhora que em nada se assemelha ao capeta.
Não lembrei de você apenas pelo comentário acima referido. Lembrei porque você é a intelectual mais próxima de mim e que é tão doce que não feriria ninguém com críticas ferinas, preferindo servir seus conhecimentos nos textos que produz e seu afeto no ombro que oferece para nos confortar.
Beijos, Zelinha e bom fim de semana!
Evelyne Furtado.

03 de outubro de 2008.

ANJOS DE VIDRO


Após um dia de emoções as quais reagi com serenidade e abertura de coração, resolvi assistir a um filme quando a madrugada começava. Talvez até por não estar acostumada à serenidade fui em busca de intensidade. Havia escolhido o DVD pelo título e pelo elenco. Não tinha nenhuma referência anterior e dos quatro que trouxe para casa foi o último que vi. Confesso que a primeira sensação foi de inveja. Senti admiração e vontade de ser tão boa como o personagem de Susan Saradon e irresistivelmente sexy como a de Penélope Cruz. Esse sentimento tão humano passou rápido quando me senti envolvida pelo filme meio confuso, porém com desempenhos maravilhosos e mensagem de fé. Anjos são entes íntimos e queridos. Deixei-me levar por eles e pelas maravilhas que fazem nas vidas das pessoas. Com uma visão mais ampla, percebi que os milagres do filme também acontecem nas nossas vidas. É suficiente deixarmos os anjos entrarem em nossas vidas. Basta que vejamos a vida com os olhos da alma e acreditarmos que os encontros que vivenciamos aqui nos oferecem a oportunidade de aprendermos. É preciso saber reconhecer anjos e eu cada dia me aperfeiçoou um pouquinho nessa avaliação. O filme me lembrou anjos a quem amo e suas missões. Gostei do que vi e de quem vi, pois Anjos de Vidro ainda conta com Robin Williams, em participação especial.
Ao terminar o filme, olhei surpresa para um anjo de vidro ao meu lado e que eu não vinha pretando atenção a ele. Seria um sinal?
Antes de adormecer rezei por meus anjos celestes e terrenos (gente com quem compartilho minha vida).
Rezei principalmente para que os seres celestiais soprassem nos corações dos meus anjos queridos que precisavam de conforto na madrugada. Eu havia sentido esse sopro e em prece pedi para que eles, meus anjos do coração, pudessem sentir como eu já senti o hálito suave dos anjos celestes e compreendessem sua língua.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Porto do Amor.


Navego incertezas.
Fundada no porto do amor
Enfrento alegrias e tristezas.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Eu Queria Falar Sobre Paixões.

Há dias quero falar sobre paixões. Andei ouvindo, lendo e cantando paixões. Não desejo debruçar-me apenas sobre a paixão entre duas pessoas, mas das paixões políticas, das paixões das torcidas, das paixões que cegam, ensurdecem e enlouquecem os que por elas são acometidos.
“Ah, quem nunca curtiu uma paixão, nunca vai ser nada não", compôs Vinicius e o poeta tinha lá suas razões. Ele que tantas vezes apaixonou-se sabia do que estava falando.
Amantes apaixonados não vêem nada que não diga respeito ao objeto da paixão. Não acreditam em nada que lhes digam sobre o outro (a) e até ficam cegos quanto aos seus defeitos. A bolsa cai, a economia mundial é ameaçada , uma guerra começa e eles nem estão aí.
Dizer que é ruim é mentira. Uma experiência dessas é profunda, instigante e oferece sensações maravilhosas, porém se não evoluir para o amor acaba e os envolvidos custam a acreditar que viveram aquilo tudo. Alguns nem se cumprimentam mais.
Eu queria falar das outras paixões. Daquelas que em campanha eleitoral afastam amigos e famílias, o que é uma grande bobagem, pois cada um tem o direito de escolher seu candidato ou partido.
Queria falar sobre as torcidas fanáticas que ferem e chegam a matar torcedores do time rival em ações bárbaras. Paixões altamente perigosas que me horrorizam.
Queria falar mais, principalmente sobre a paixão entre uma pessoa por outra, a que mais me interessa. Um tema que fascina essa alma por si só apaixonada, porém um sono fora de hora me chama. Nem sei se adormecerei, mas tenho esperança de que bons sonhos me esperam; sonhos dos quais não gosto de acordar.

Evelyne Furtado, 01 de Outubro de 2008.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Através da Janela


E na pausa que se fez
Debruçou-se na janela
Revendo nas calçadas da vida
Seus ex-amores passando
Poucos, mas verdadeiros,
Pois seus olhos já distinguiam
O que foi amor, paixão
Ilusões ou afetuosas fantasias.
Amanhã voltará ao posto
Para dessa vez mirar
O outro lado da rua