quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Uma Conversa Com Zélia Maria Freire.

Sabe, Zélia, eu ia escrever sobre Bárbara Heliodora, não a inconfidente, mas a critica de teatro, então lembrei que no primeiro texto meu que você comentou, no qual eu falava de Rodrigo Levino, o escritor talentoso que conheci aos 18 anos e que lançou seu segundo livro (um belo livro) em junho passado aos 25, você se referiu à temida Bárbara Heliodora.
Sempre fiz coro aos que a chamavam de bruxa ao receber uma crítica ruim sobre um espetáculo. Tenho medo de crítica e já tive muito mais.
Porém, eu só lia textos negativos sobre ela. Recordo que até da amiga (dela) Fernanda Montenegro ela puxou a orelha em uma peça dirigida pelo doido Gerald Thomas.
Bem, minha solidariedade aos criticados persiste. Identifico-me com eles, mas mudei minha opinião quanto à especialista e tradutora de Shakespeare.
Assisti, Dona Zélia, a uma entrevista com Bárbara Heliodora ontem no programa Sem Censura e me encantei com danada da mulher. Para você não deve ser novidade o tanto que ela sabe sobre o teatro. Eu presumia, obviamente, pois do contrário ela não seria a principal crítica teatral brasileira da atualidade. Ainda assim, espantou-me a facilidade com a qual ela falou dos elementos do teatro, de Ésquilo, a Nelson Rodrigues, passando por William Shakespeare, que desmistificou classificando-o como um autor popular, à altura do nosso Anjo Pornográfico, N.R. Elogiou Martins Pena, Moliere e João Betancourt.
O mais surpreendente foi vê-la rir de si mesma ao elogiar uma comédia com o título “Bárbara Não Lhe Adora”.
Eu adorei beber da sabedoria daquela senhora que ama o que faz e se compromete com autores, atores e público. A diaba não é feia como pintavam. Ao contrário, me pareceu uma senhora que em nada se assemelha ao capeta.
Não lembrei de você apenas pelo comentário acima referido. Lembrei porque você é a intelectual mais próxima de mim e que é tão doce que não feriria ninguém com críticas ferinas, preferindo servir seus conhecimentos nos textos que produz e seu afeto no ombro que oferece para nos confortar.
Beijos, Zelinha e bom fim de semana!
Evelyne Furtado.

03 de outubro de 2008.

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