segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Ao poeta.


Guardo a poesia em mim
Guardo Itabira, sim

Teu (a)mar mineiro
Tua timidez carioca
Teu despudor
Teu fim de festa

Toda quadrilha, que o amava,
Em litania indagava:
E Carlos amava quem?

Guardo toda vastidão em mim
Guardo todas as pedras sim.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Dez Passos.

Eram dez passos contados entre ela e a porta. Dez passos para libertação e uma força monumental paralisando-a.
Berggasse, 19. O endereço que a perseguia em sonhos há meses. Fixação e motor de seus atos nos últimos dias.
A noite caía e seus ossos tremiam. Fazia muito frio naquele outono. Era Outubro em Viena, no começo do século XX.
A mulher no passeio encolhia-se. Chegara a seu destino, mas não reunia coragem para entrar. Não sabia como se portar. Não fazia parte daquele tempo, daquele grupo, nem daquela gente que a fascinava.
Não se tem notícia de quanto tempo durou o impasse. Ninguém contou. Mas há quem lembre da mulher a dez passos de desvendar seus sonhos.
Não se sabe se chegou a entrar. Nunca mais a viram por lá. Não sabem, também, que no século seguinte, uma mulher protege-se do sol, em uma cidade tropical e coleciona sonhos em um envelope onde se lê Berggasse, 19, em caligrafia grande e caprichada.