quarta-feira, 30 de abril de 2008

Obrigada e bem-vindos!


O marcador dessa página sinaliza 5.550 entradas e me deu vontade de comemorar esse número quase redondo. Na verdade quero falar do prazer que sinto em saber que tenho alguns leitores; que alguém lê meus sentimentos, pensamentos e alguns retratos de mulheres. Aqui derramei amores sentidos, com direito a declarações explícitas e ao choro compulsivo do fim, da mesma forma que exaltei seus grandes momentos. Aqui falei de recomeço, de carências, de sensualidade e de ternura. Fiz versos sem rimas, mas cheios de emoção. Alguns com rimas e nenhum com métrica. Disso tenho certeza. Criei mulheres misturando pessoas conhecidas comigo mesma e talvez tenham surgido algumas monstrinhas, mas bem intencionadas, tenho certeza. Nesse blog tem mulher de verdade também em biografias e em homenagens a mulheres importantes para mim, como minha mãe, minha filha, minha bisavó e Sirley, a moça espancada por mauricinhos. Aqui cantei algumas das músicas preferidas e algumas que revelavam o estado do meu coração. Aqui falei de homens reais, embora anônimos e também de homens imaginários. Escrevi sobre as raivas que eles provocam, do prazer que nos dão e, principalmente, da falta que nos faz.
Aqui mostrei cara e coração de uma mulher que amadurece se expondo e que faz isso com deleite. Adoro escrever aqui e recebo com prazer qualquer leitor que aparecer.
Bem-vindos, portanto.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Madrugada.

É madrugada e o silêncio me convida a sonhar
Adormeci antes do convite
E despertei agora:
Eu, a madrugada e a sua ausência.

domingo, 27 de abril de 2008

Transcedência.



E ela atravessou a parede
Erguida para que ela não passasse
Para o outro lado.
Não usou a porta.
Não pulou a janela
De onde via o mundo passar,
diante dela.
Sua mente deixou-se ir
E nem o concreto a impediu
De romper seus limites e seguir.
Seu corpo não sentiu
Preservando-a de incômoda sensação.
Sua alma, revestida de ternura,
No entanto, transcendeu,
Tornando-a ainda mais pura.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Nem Tudo Foi Sonho.

A campanhia do celular atravessou o sono. De longe alguém me tirava daquele torpor. Eu havia apagado ao chegar em casa. Tomara dois drinques a mais. E para mim duas doses de whikey significam duas doses a mais. Eu detestava ultrapassar meu limite de teor alcoólico, pois morro de medo de ressaca.
Não queria acordar, mas também não consegui ignorar o telefone que continuava a me chamar. Atendi. Era ele. Sentei na cama, como se isso me fizesse ouvir melhor. Em vez de simplesmente dizer "alô", perguntei as horas. Mas o que se pode querer de alguém que desperta de súbito no meio da noite?
Ok. Não era tão tarde. Isso eu lembro. Mas sem exatidão. Aliás, na minha memória nada está nítido.
Conversamos sobre algo que nos unia, mas não queiram que eu diga o assunto, pois não recordo bem e não vou falar do que não tenho certeza. Eu só tenho certeza dos dois John Walker e do Dramim que tomei antes de apagar.
Claro que lembro de tudo que ocorreu antes, mas nada depois. A não ser da penumbra, de que havia uma tela com pinturas indianas, de que uns tecidos diáfanos cobriam o teto. E que estendi a mão para o homem que fumava sentado na poltrona e ele segurou a minha mão. Acho que a penumbra era formada pela fumaça dos nossos cigarros.
Ainda tenho uma vaga lembrança de que todas as nuvens choveram sobre nós naquele dia. E de que nosso carro era anfíbio. E de que ele era um príncipe hindu, que a gente se falava num diálogo quase ininteligível, mas, que me dava uma sensação ótima.
Ah, eu recordo que o combinado dera certo e que rimos aliviados depois. Era sobre isso que conversávamos ao telefone: repetindo, repetindo, repetindo...
Não sei como desliguei o celular e voltei a dormir. Levantei com aquele sentimento de quem teve sonhos bons. Trabalhei bem-humorada e na hora do almoço, na praça de alimentação do shopping o telefone tocou. Pelo menos "ele" era real (não tinha nada de hindu) e me falava com aquela ternura meio contida, que eu gostava nele.
Com o barulho que fazia no local, quase não entendi nada, mas gostei de falar com ele. Nem tudo tinha sido sonho.

Evelyne Furtado

quinta-feira, 24 de abril de 2008

O Amor na Mesa.



O Amor
em minha mesa
é farto
e franco
por isso oferto
a quem merece
em delicada porcelana
e em meus melhores talheres.

Evelyne Furtado

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Banho de Chuva.


O calor se fez àgua
E a chuva caiu com intensidade
Inesperada
Ensopando meus pés
Molhando meu corpo
Arrastando medos, incertezas.
Lavando a minha alma inteira,

domingo, 20 de abril de 2008

Nós somos Rainha e Rei ( Céu de Santo Amaro)




Para mim vale o que me emociona. Sou movida às sensações, apesar de reconhecer a importância da razão e a ela dar ouvidos nas decisões.

Adoro músicas. Sempre disse que era uma cantora frustrada, pois cantar faz-me um bem enorme, até que não desafino, tenho uma voz agradável, porém pequena. Canto baixo, assustam-me os tons mais altos e temo errar.

Talvez por isso tenha optado pela escrita como forma de expressão. Todavia a música foi a minha primeira paixão.

Lembro que na minha timidez, na época bem mais aguda, fiquei algumas noites sem dormir antes da prova oral de OAB. Eu teria que fazer uma sustentação oral.

Todos os dias estudava o processo e depois ía para o espelho ensaiar. O estress era tanto que eu fugia da realidade. De repente passava a cantar "Como Uma Onda" no gravador e interpretá-la diante do espelho.

Era mais fácil o sonho, afinal direito para mim era uma realidade interessante até a página 4. Vivo disso, mas não me empolgo. Queria cantar. Importante dizer que fiz tudo direitinho e passei no exame da Ordem.

Hoje canto para mim mesma e escrevo. No momento escrevo ouvindo Caetano e Flávio Venturini em "Céu de Santo de Santo Amaro". Essa música toca-me, como se uma mão afagasse o coração.

Pensar que Johann Sebastian Bach compôs a música há tantos anos e que Caetano fez uma letra homenageando o céu de sua cidade séculos depois é fascinante, mas não tão fascinante quanto à revolução emocional que música e letra fazem comigo.

Vivi o auge de um caso de amor ouvindo essa canção. Continuei a escutá-la e agora ela volta prosaicamente na reprise de novela Cabocla, no Vale à Pena Ver de Novo da Globo.

Eu continuo apaixonada, pois esse é meu estado natural. Continuo ouvindo e visualizand os versos de Caetano*: "... Na noite do sertão/Meu coração só quer bater por ti/Eu me coloco em tuas mãos/Pra sentir todo o carinho que sonhei/Nós somos rainha e rei”.

Escrevo movida a sonhos em uma tarde de domingo, com o céu de Natal desenhado de branco em contraste com o seu azul habitual. Escrevo em paz e ouço Céu de Santo Amaro.

P.S. A letra linda é de Flávio Venturini.

sábado, 19 de abril de 2008

Amor Meu.

O amor meu
é o que disponho
e o que melhor tenho
e sei fazer.
O teu, hoje, é alheio
ao meu calor,
à cama que eu fiz
e a todas as nuvens
que sobre nós choveriam
depois.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Eu Quero Escrever Uma História Feliz



Eu quero contar outra história. Um história de amor. Uma história feliz.
Dói-me um coração partido. O meu ou de alguém a quem amo muito. E escrevi como catárse essas dores. Escrever também é um ato de exorcismo. Mas já fiz poesias alegres , sensuais e apaixonadas, enquanto me sentia assim. Dedico-me ao homem amado e nada é tão prazeroso quanto me jogar em seus braços, largar-me à sua vontade, soltar-me aos nossos desejos. Quero receber seu olhar de fome e saber que posso saciá-lo. Quero matar minha sede na sua boca. Exercer minha sensualidade, em suas inúmeras possibilidades junto ao homem amado. Quero repousar minha cabeça em seu peito, depois de olhá-lo com toda ternura que sinto nesse momento. Quero respirar junto com ele até que nossos corpos retornem à realidade. Quero repetir esse ritual sempre que nos der vontade. Quero compartilhar o caminho, apoiar decisões, sentir-me protegida e protetora. Quero deixá-lo livre para sonhar, enquanto cultuo meus sonhos. Quero amar sem restrições e ser amada assim.
Quero muito ser feliz e fazer ele feliz, na cama, na grama, na mesa, na vida. Quero compreender que nem sempre se é feliz. Que há dias nublados também. Porém quero acreditar que jamais faríamos mal ao outro e que mesmo quando o amor acabasse, saberíamos como nos tratar, pois ainda restaria a memória da cumplicidade do amor vivido, a ternura e a amizade de quem amou de verdade.
Evelyne Furtado
Publicado no Recanto das Letras em 16/04/2008
Código do texto: T947693

sábado, 12 de abril de 2008

Coragem e Medo de Amar



Que coragem, a sua,
me deixar só
após tanto me amar.

Eu, medrosa assumida,
não fujo da vida
quando é o amor a chamar.

Se ao te ver partir
chorei todo o mar
sinto orgulho por me permitir (te) amar.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Sherazade II

Um ano,
Trezentos e sesenta e cinco dias
Ou mil e uma noites,
Em um só dia.
Ao que quero, tanto faz.

terça-feira, 8 de abril de 2008

A Saudade que não Matei.

A saudade que não matei
Aponta sua arma
Para o peito em que a tua cabeça abriguei.

Sem clemência, a saudade,
Ataca-me bem aqui onde te amei
E ainda há parte de você em mim.

Só há saudade, porque houve amor
Só dói o coração porque se entregou.
Até quando, por Deus, essa dor...


Evelyne Furtado.


Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.

sábado, 5 de abril de 2008

QUERO

Da flor: o aroma

Do doce: o sabor

Do amor: o bálsamo

De você: o amor.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

O Que Vem Depois do Amor?



Morrer de amor já não morro
Louca, está provado que sou
Pisar nos sonhos
Foi o que me restou
Dançarei sobre as estrelas
Ao som da melodia universal
Pintarei novos horizontes
Custe-me o que custar
Para quando ultrapassá-los
Curar as chagas do coração
Contaminado da feia desilusão
É tudo que me sustenta
Nesse limbo sem cor
Que vem depois do amor.

Evelyne Furtado

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Chorando os Limites do Amor.

Aceito as parcas medidas do meu poder
Ante à força do amor
Assim como me rendo à morte do amor

Chrorando as minhas lágrimas
Chrorando as tuas lágrimas

Pois o amor não finda
Sem que caia ao menos
uma lágrima escondida.

As minhas são claras,
Visíveis e faceis
de cair, tomando o meu rosto,
descendo sobre o colo,
morrendo em mim.

Não há o que fazer fora dos meus limites
Por isso choro.
Mas também amo dentro dos meus limites.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

ELE.



No carro dirigindo-se ao trabalho, "ele" pensava preocupado no rumo que a sua vida havia tomado. Há algum tempo levava uma vida sem graça. Tinha uma família saudável e equilibrada. Profissionalmente estava muito bem, o que possibilitava uma vida confortável à família.
Seus filhos eram crianças alegres e normais. De Santa, sua mulher, não podia reclamar. Ela era a própria perfeição. Bonita, educada, boa mãe, inteligente, dedicada e fiel.
A paixão dos primeiros tempos não existia mais, se é que existiu, mas "ele" se sentia bem com ela, que parecia bem adaptada àquela vida.
Parecia um quadro ideal, mas para ele faltava alguma coisa. Sentia necessidade de algo novo que viese a dar novas cores à sua vida.
Foi nesse período que começou a desejar outras mulheres. A primeira escapulida foi em um congresso de Direito Constitucional, quando dormiu com uma colega de outro estado.
Sobrou-lhe uma sensação de liberdade e um pouco de culpa, que ele resolveu na joalheria do próprio hotel, quando comprou a primeira jóia daquela coleção
Estava tudo bem, mas ele queria mais. Sexo avulso não estava lhe satisfazendo. Nessa altura conheceu Inês, a nova secretária do escritório. Claro que a primeira coisa que percebeu foi a beleza e a sensualidade contida da moça.Depois percebeu sua carência, conheceu suas decepções amorosas e partiu para a conquista.
Era o prato ideal. Com ela não seria só sexo, pois ela era uma pessoa educada e bem instruída.O melhor de tudo era a cama, onde ele ousava e ela gostava.
A seu favor também tinha a carência de Inês, que ao se apaixonar não queria perdê-lo. E foram maravilhosos aqueles meses de paixão ardente. Ele confessava a sua paixão, jurava que ela era a mulher da vida dele e que o fim do casamento era questão de tempo.
Mas e agora? A coisa se complicara. Inês cobrava a sua presença. Santa já começava a desconfiar de suas escapadas e se não reclamava, sentia, pois o seu olhar não era mais o mesmo e "ele" se sentia culpado. Não queria abrir mão da vida equilibrada que tinha em casa. Nunca quisera.
Porém, não queria perder Inês, que se sacrificara por ele. Já havia usado todos os artifícios possíveis para conciliar as duas mulheres na sua vida, mas previa que teria que tomar uma decisão brevemente. Chegando ao escritório já olhou Inês com ar de saudade. Chamou-a para uma conversa no almoço, onde explicou que teriam que se afastar, pois sua mulher estava desconfiada e sofrendo muito, assim como os filhos.
Inês sentiu o golpe e quase chorou ali mesmo. No carro ela não agüentou e lhe disse poucas e boas. "Ele" a calou com um beijo. Seguiram para o apartamento dela e fizeram amor a tarde inteira. "Ele" sabia que era uma despedida. Ela não.
Chegando em casa, foi questionado pela mulher e fez sua confissão arrependida. Jurou que terminara tudo e chorou abraçado com Santa, que nunca mais confiou nele e descobriu o que lhe faltara por tanto tempo: a paixão que "ele" nunca por ela.
Quanto a Inês foi chamada pelo sócio e amigo do ex-amante para uma conversa. Então ficou sabendo que "Ele” viajara para a Europa com a família para terminar um doutorado e que só voltaria em dois anos.
Foi assim que Inês recebeu a pior notícia de sua vida. Amara um mentiroso. Um Dom Juan como tantos que ela conhecera e evitara . Estava só e naquele momento queria desaparecer. Saiu da sala como se tivessem lhe dito que o sol nunca mais nasceria. As lágrimas escorriam pelo rosto e ela não se incomodava em esconder. Não se voltou para trás; se o tivesse feito veria o olhar de cobiça do seu interlocutor, que não estava muito comovido com a sua dor.
Na poltrona do avião, Santa pensava na sua ingenuidade e no canalha que ela amara por tanto tempo.Os óculos escuros escondiam sua mágoa que um dia emergeria, era questão de tempo.
"Ele" sentado ao lado, comemorava sua pequena vitória. Salvara seu casamento e sua família. Teria saudade dos beijos e do prazer que Inês lhe proporcionara por tanto tempo, mas quem sabe ela o esperaria e ainda poderiam se ver de vez em quando?
Não pensou na decepção que havia causado, nem do drama que a outra vivia. Estava salvo, pensava ele, na ilusão proporcionada pela primeira batalha ganha.



Evelyne 31 de março de 2008