segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Devaneio.


As palavras rebelam-se e não querem sair de mim. Tomam-me por inteira. Já não sou senhora delas; sou serva e como serva calo. Um silêncio confuso mora em mim. Sou feita de palavras ambivalentes: sombrios e esperançosos vocábulos. Ou antes, o contrário, pois a sombra ocupa o espaço da esperança. Conflito, talvez seja esse o motivo da revolução. Venho investigando a razão. Razão? Era muito mais fácil sentir. Agora impera a indecisão: Querer e não poder. Querer mais que poder. Querer e não querer. Tão fácil esquecer enquanto ando na praia. Tão fácil me esquecer no mar. Andar sob o sol, segurando o chapéu com a mão. Receber o vento com alegria. Não falar, apenas ouvir o mar. Difícil é alinhar palavras. Mais difícil organizar pensamentos. Quase impossível domar emoções. Aposto na respiração e ganho. Liberto palavras à toa, sem rigidez, nem ambição de ser boa nisso que faço. Tão bom como andar na areia molhada seria não ter a vontade forte que tenho, mas que não se confunde com força de vontade, pois esta ainda não conquistei. Eu treino força de vontade e paciência. Até bem pouco tempo exercia prazer e ilusão. Hoje não. Quem disse que precisa treinar o que é natural? Ninguém diria tal asneira. O que é instintivo flui como água, não requer disciplina. Escrever e ser paciente, sim. De preferência eu seria onda e espuma, vento e coqueiro, areia e mar. Eu seria somente praia a esperar.

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