A dimensão do desastre é tão grande que não cabe inteiro na tela da tv. Cabe menos ainda na mente em quem o assiste na segurança de suas casas.
Fala-se no número de vítimas. Desperta-se a solidariedade imediatamente. Discute-se a responsabilidade humana e a força da natureza. Por Deus!
Mas ninguém se fixa no assunto por muito tempo. Logo se passa às performances de Amy Winehouse, à novela que terminou e à que se inicia.
_Como não fazer festa para a chegada de Ronaldinho Gaúcho no Flamengo? Sou flamenguista, mas fiquei, no mínimo, sem graça com tanta euforia enquanto o mundo desabava a poucos quilômetros dali.
E a vida continua no Big Brother Brasil, sim senhor!
Talvez a mídia venha banalizando infortúnios e tal exploração da dor tenha causado certa insensibilidade. Mas nem mesmo sei se minha percepção é correta.
A intensidade da dor tem efeito anestésico e diante do sofrimento amplificado o ser humano recua para um lugar seguro. Um refugia.
Creio que não se trate de indiferença, mas antes da impossibilidade de vivenciarmos a magnitude da aflição. Uma defesa como outras tantas que desenvolvemos para mantermos nosso equilíbrio psíquico.
Contudo essa dor há de ser sentida para que as lições sejam cobradas com urgência. A habituação, nesses casos, é contrária à sobrevivência. Não podemos nos acostumar com o drama real sem reação.
Quanto aos meus sentimentos, confesso que não consigo expressá-los com clareza no momento. Mas minha alma esteve inundada esses dias, por mais que eu tenha evitado sofrer.
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