sexta-feira, 19 de setembro de 2008

" O Mundo Inteiro Abarco e Nada Aperto"


Querer não é poder. O desejo é meu. Nasce em mim, mas realizá-lo, independe muitas vezes, da minha vontade. Custei a aprender essa lição que vem com o amadurecimento.
A vida impõe limites. Alguns podemos ultrapassar. Principalmente aqueles que só nos dizem respeito. Outros envolvem fatores externos pelos quais não temos controle.
Crescer é entender a distinção entre uns e outros. Judith Viorst, psicanalista norte-americana, em "Perdas Necessárias", um livro essencial para mim, diz que “crescer significa estreitar a distância entre os sonhos e as possibilidades".
Há quem demore muito a aceitar essa verdade. Levei parte da vida para entender e ainda luto para permitir que seja assim.
Tenho claro em mim a certeza de que me é impossivel transformar o mundo. Nem mesmo posso modificar uma só pessoa.
Quanto às minhas próprias limitações, a batalha é constante. Em alguns casos sou indulgente comigo mesma. Em outros, brigo feito uma leoa para melhorar.
Sempre quis ser uma pessoa boa. Nunca almejei a perfeição, mas já quis e quero ser melhor do que sou. Gostaria de ser mais generosa, mais segura, menos impetuosa.
Melhorei em alguns aspectos e relaxei em outros. Conheço-me melhor hoje e gosto mais do que sou, mas ainda desejo subir mais degraus na vida.
É aqui que entra o presente que ganhei da mestra Zélia Maria Freire: ”O Cancioneiro", de Petrarca. Delicada e querida Zelinha, comecei a ler sim, contudo ainda estou na introdução, um texto especial de Jamil Almansur Haddad, que afirma a influência do autor italiano na obra dos poetas de língua portuguesa dos séculos XVI e XVII.
Foi na obra acima que colhi o título dessa crônica. “O mundo todo abarco e nada aperto" é um verso de Luis Vaz de Camões, parafraseando Petrarca, em um poema lindo.
Fujo da discussão dos grandes sobre se Petrarca foi ou não copiado por Camões.
O que repercutiu em mim foi a beleza do verso e a vontade de abarcar o mundo todo sem apertar. Talvez um dia eu chegue perto dessa sabedoria. Tomara!

Evelyne Furtado, setembro de 2008.

Um comentário:

AnadoCastelo disse...

Minha querida a vida é a melhor aula que podemos aprender. Com o tempo vamos adquirindo experiência e sabedoria. Umas vezes tropeçando, outras caindo, outras ainda caminhando e a pouco e pouco lá vamos levando a direcção certa.
Jokinhas