O calendário marca 27 de dezembro de 2012. Se ainda se
usasse folhinhas coloridas nas cozinhas estaríamos a quatro dias de - com certo
aperto no peito- arrancá-las da parede.
As imagens sagradas (é verdade que alguns preferiam as mais profanas)
ou de lugares paradisíacos teriam o lixo como destino.
O ano passou em uma velocidade absurda entre trancos e
barrancos, mas não acabou como queriam os profetas apocalípticos usando a
civilização Maia como fonte segura.
Graças a Deus teremos um ano inteiro para arrumarmos a casa
para a Copa do Mundo. Teremos festa, sim.
Em Natal o trabalho será árduo. A cidade padece as consequências do
desgoverno e da falta de vergonha. Como
se não bastasse os descalabros que tivemos que suportar na gestão da prefeita
afastada, nos últimos dias a sujeira passou a afrontar nossos sentidos e a
nossa dignidade.
Hoje à tarde testemunhei o lixo amontoado nas ruas e
noticiado na TV. Havia sujeira até nas imediações do Forte dos Reis Magos, a
edificação mais simbólica da cidade. Senti tristeza ao ver canudos usados,
cocos verdes, latas e garrafas vazias jogados na passarela que leva à fortaleza.
Mas meu olhar se
desviou na direção da ponte e me deparei com um pôr -do - sol magnífico concedendo
uma cor indescritível às águas do Rio Potengi. Do outro lado a Praia da Redinha
e atrás de mim a certeza do mar banhando a areia.
A paisagem venceu a ação humana danosa. A esperança ganhou
novas cores. Já me animo a arrancar a folhinha e por uma nova no lugar. Que 2013 venha bonito como essa tarde e se
possível passe um pouquinho mais devagar.
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