segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Intervalo.


O relógio da sala tirou-a de uma curva. O som vindo de muitas gerações a fez derrapar. Maldisse o relógio. Maldisse o tempo. Vociferou contra a realidade da reta estrada. Tentou retornar, mas a vida insistia em lhe chamar. Atendeu o telefone com voz de muitos anos atrás. Do outro lado o presente a intimava. Pôs o pé direito no chão, ao mesmo tempo em que fazia uma oração. Deixou o vestido de casa largado sobre o tapete ao lado cama e entrou no banheiro ainda no piloto automático. Depois de um banho com direito a água morna e laranjeira, o real pareceu-lhe mais atraente e a tarde até lembrava uma manhã auspiciosa. Hora de recomeçar de onde parara sei lá quantas horas atrás. Ao sair de casa o velho relógio marcava discretamente os segundos. Respirou fundo e bendisse a vida.

6 comentários:

Pedro Ferreira disse...

Seria bom ter poderes sobre os ponteiros dos relógios...

Evelyne Furtado. disse...

Ah, seria, mas não temos. Obrigada, Pedro :)

Cachoeira Bahia disse...

Parabéns!
Quando eu crescer quero escrever como você.
Simplesmente...Linda...

Miria Alves
Acadêmica de Jornalismo - UFRB

Cachoeira Bahia disse...

Parabéns!
Quando eu crescer quero escrever como você.

Simplesmente...Linda...

Miria Alves
Acadêmica/Jornalismo/UFRB

Evelyne Furtado. disse...

Grata pelo comentário. Abraços.

Dolce Vita disse...

Quantos sentidos o tempo pode marcar? Muitos estão aqui. Belíssimo!