quinta-feira, 1 de julho de 2010

Minha Língua.


Originou-se no Lácio, refez-se na Península Ibérica e tem o romance em sua árvore genealógica. É a língua portuguesa que ganhou malemolência e ritmo novo ao desembarcar em terras tropicais.
A geografia física e humana abrasileirou a língua de Camões que é visceralmente sertaneja nas veredas de Guimarães Rosa.
Bebendo café, água de coco ou chimarrão nos entendemos em português, com falares próprios que não nos separa; ao contrário, nos une em nossas peculiaridades.
Bendita herança lusitana! Não comungo com os que acreditam que a língua nos isola. O idioma nos faz únicos no continente, mas não nos separa dos vizinhos. Com boa vontade ou com jeitinho nos comunicamos em "portunhol".
Não sou boa em outra língua. A língua portuguesa é minha ferramenta de expressão: Penso, falo, escrevo e sinto em português.
Não trato com reverência esse meu idioma. Nossa convivência é de muita intimidade e talvez por esse motivo, às vezes, peque contra ela. Mas é pecado afetuoso e, portanto perdoável.
Desde que aqui desembarcou a língua portuguesa associou-se aos idiomas nativos e aos outros que posteriormente vieram para cá. Continua incorporando expressões estrangeiras, porém sem perder em nenhum momento a identidade.
Gosto que seja assim: livre de amarras e solta para novas associações. Quero-a com sotaques diversos assinalando a origem de quem fala. Desejo-a livre para que eu sinta saudade ou banzo, conforme a mistura de emoções.

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