quinta-feira, 16 de julho de 2009

ALMA TRANSGRESSORA.


Comprar livros é uma compulsão assumida. Enquanto alternava minha atenção entre dois recentemente adquiridos e ampliava meu espaço à cabeceira para acomodar mais daqueles que preciso tê-los ao alcance das mãos, entro na livraria e dou de cara com A Alma Imoral do rabino Nilton Bonder.
Minhas mãos tocaram o exemplar e fui seduzida pelo texto que fala sobre um olhar profundo que "enxerga quando a obediência significa desrespeito e a desobediência representa respeito".
Tentando dar um pouco de ordem à minha leitura me esforço para terminar o livro da moça que comeu, rezou e amou. Não quero ser injusta, nem tenho estofo para julgar a literatura de ninguém, mas nem mesmo Roma me pareceu muito atraente nas palavras da autora. Bali também não. Menos ainda a Índia.
Para ser justa confesso que me identifiquei com algumas passagens de Comer, Rezar e Amar, mas fiquei muito cansada com aquelas meditações de madrugada, com a disciplina de um ashram e me chateei mesmo com o estereótipo do brasileiro que encontrei ali.
_ Se ela nos define assim, como posso acreditar no que ela fala sobre os italianos, indianos e balineses?
Foi com alívio que terminei e me entreguei à Alma Imoral. Parece contraditório encontrar refrigério nas palavras de um rabino depois de ler alguém que pratica Ioga, medita e sai pelo mundo em aventura.
Pode até ser, mas li com prazer sobre a importância da transgressão para a evolução da alma. Identifiquei-me com a necessidade premente que sentimos de transgredir quando o espaço onde nos encontramos torna-se estreito.
Vibrei com as definições sobre traidor e traido, principalmente com a troca de papéis. Foi duro aceitar que a dor do traído é a dor do apego, mas me reconheci aí.
Foi maravilhoso descobrir que quando paramos de lutar no espaço estreito e marchamos com a alma aberta rumo ao mar, este se abre, como se abriu para o povo de Israel.
Não se trata de um texto irresponsável e quem conhece o autor sabe do que falo. Nilton Bonder não manda ninguém trair, mas aponta quando é necessário, dizendo que " há um olhar que desnuda, que não hesita em afirmar que existem fidelidades perversas e traições de grande lealdade".
Meu encontro com A Alma Imoral é um daqueles de rara preciosidade. O livro é fácil , mas não é simples.
Os conceitos sobre o corpo e a alma, o correto e o bom,a satisfação e a honestidade precisam ser aprofundados em outra leitura.
A certa altura Bonder diz que "quando formas de hipocrisias vão ganhando espaço e a conduta é marcada por dissimulações, paramos de sentir satisfação" e eu aplaudi essa verdade tão óbvia e tão ignorada.
Claro que usei meu "filtro" particular na leitura e que ainda sou limitada para compreender todo conteúdo do livro, porém saber que Deus abençoa as almas transgressoras desde Adão e Eva me fez muitissimo bem.

Um comentário:

Celamar Maione disse...

Evelyne,
fiquei com vontade de ler o livro...
bj