segunda-feira, 23 de julho de 2007

Lara e o Anjo.



Lara amava tanto que sua vida variava de acordo com ir e vir do seu coração. Era dessas mulheres que viam o mundo pelas lentes do amor.
Acordava, comia, trabalhava, conversava e sonhava amando. Intensa, sensual e afetuosa, era quando bem amada, dócil e agradável. Mas se brincassem com seus sentimentos, se visse ameaças ao seu relacionamento, ela se transformava numa mulher desconfiada, agressiva e quase histérica.
Essa mudança de humor tinha suas razões para existir. O amor era o motivo mais forte em sua vida. Seu bem mais precioso. Assim, Lara levava a vida se protegendo. Brincando de amar, mas sem se entregar de verdade. Não arriscava perder seu tesouro; a fonte de sua energia.
Houve uma fase na vida, quando se recuperava de uma decepção que ela se sentia desconfortável ao simples olhar de um homem no carro ao lado.
Lara vivia com medo de se machucar, mas também não podia se fechar tanto para vida, pois havia muito afeto, ternura em profusão e intenso desejo adormecido em seu âmago. Trancar-se a qualquer contato, era perder um pouco da vida e o instinto de sobrevivência a alertava.
A saída foi ir se relacionando superficialmente. Deixando-se seduzir, mas sem apostar nas relações. Ela não amava: ela gostava da companhia.O amor estava latente e Lara seguia sem ter coragem de se entregar.Havia momentos de melancolia e até de desesperança.
Não valia à pena viver sem amar, mas o que fazer se a força do amor também poderia destruí-la?
Foi se livrando da dor , vivendo pelas bordas e livrando-se da solidão daqui e dali, até que em uma noite seu Anjo se fez presente e resgatou a vontade de amar. A atração que ele emanava era tanta que ela não reagiu. Confiou nele desde o primeiro contato e em pouco tempo ela não tinha dúvidas de que aquele homem tinha sido enviado por Deus para lhe fazer feliz. Era um anjo; o seu anjo.
De repente, Lara falava “eu te amo” para ele, que até poucos dias ela nem conhecia. Esse feito foi comemorado, pois a frase estava ali, pronta para sair há muito tempo, barrada pelo medo, pela angústia e principalmente pela inexistência de alguém que a merecesse.
Assim Lara renasceu para o amor e para vida. A felicidade se instalou no instante em que ela se sentiu amada. Amava e era amada, isso dava cor nova à vida e tudo passava a ter sentido.
Por isso, ela vira bruxa quando pressente qualquer ameaça ao seu amor. Ele, um Anjo, que a faz vibrar a um toque, um beijo, um olhar, não poderia decepcioná-la, pois ela só vibra assim, de corpo e alma com ele a quem ama e admira.
Lara, pisa em nuvens ou em cacos de vidro, dependendo de como vai a sua relação com seu amor. Lara feliz é uma fada boa. Lara magoada é a bruxa feia e assustadora. Eu só gosto de conviver com a fada, a outra prefiro nem ver.

Evelyne Furtado.
21 de julho de 2007.

Um comentário:

Roberto Passos do Amaral Pereira disse...

Bela resenha de uma filme inesquecível. Parabéns!