segunda-feira, 4 de abril de 2011

Partida.




Abre os olhos vê a rosa vermelha no tapete claro ao lado da cama. A memória chega-lhe com imagens e sensações fortes. Olha à esquerda apenas para confirmar a ausência e a dor atinge os restos de esperanças.
A noite não lhe curou a dor. Atordoada procura o relógio. Meio-dia. Lembra-se que em seis horas embarcará de volta ao seu país e que precisa chegar com a antecedência recomendada no aeroporto.
A mala aberta e as roupas espalhadas pelo chão denunciam a vontade de ficar. A razão lhe indica que o sonho acabou. Apressa-se no banho, termina de arrumar a mala, apanha a rosa no chão e desce para almoçar no restaurante vizinho. Na volta faz o chek-out e pede um táxi na recepção.
O vôo tem início sem atraso. Ela espera os demais passageiros adormecerem e procura poltronas vaga na parte de trás do avião. Aninha-se em três assentos. Abre a bolsa e retira a flor que havia recebido na noite anterior. Aperta com força as pétalas. Logo não há mais rosa, apenas vestígios de que foi.
Ela confere as horas. Meia noite e o mapa no encosto da poltrona da frente a informa o quanto de Atlântico ainda tinha que cruzar. Fecha os olhos tentando adormecer e percebe que parte de si havia ficado entre os lençóis daquele quarto de hotel.
Fecha os olhos e a imagem dele a invade. Sente-se exausta, mas não consegue dormir um minuto sequer durante vôo. Tampouco adormece ao chegar em casa. Há mesmo quem afirme que nunca mais adormeceu e que passa as noites velando a roseira que plantou.

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