quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
Véu.
Contemplou sua imagem ajustando o ângulo até se gostar. Satisfeita ousou um pouco mais e seu reflexo já não era o mesmo. Repudiou-lhe um esgar.
Novo ajuste na expressão facial em busca da face serena que encontrou. Achou também o olhar misterioso e nele mergulhou impetuosamente.
Viu-se, então, em uma casa de espelhos: O anjo de asas quebradas, a bruxa no auto de fé, a ingênua do teatro mambembe, a quase sofisticada, a menina trêmula, a fêmea dócil e a voluntariosa.
Um véu a desvendar-lhe olhares. Unhas dos pés em esmalte vermelho. Deleites e alma torturada. Boca cor de boca. Espartilhos a perfurar-lhe entranhas provocando desmaios. Um sorriso manso ao retornar.
Uma vontade de ferro em busca de ombros gentis. Uma corrida louca para fugir da cansativa razão. A cegueira consciente e a verdade inconsciente da qual puxava um fio a cada noite
Em cada tentativa um novo afogar. Há muita água nesse mar e mar não tem cabelos, dizia-lhe o pai para alertá-la. O que de muito lhe valeu. Mas de muito não lhe valeu, pois continua a fiar, mesmo quando cansa de a si mesma olhar.
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3 comentários:
Nossa, quando eu crescer quero ser como vc!
Quanta sensibilidade ao escrever, gosto muito dos teus textos, eu acabo viajando em cada palavra. Muitas vezes , consigo me ver.... como me vi em algumas passagens ...
Beijos, e um lindo finalzinho de semana!
Rsrs... Concordo plenamente quanto à sensibilidade e acho muito legal saber sobre a identificação. Obrigada e tudo de bom para vc também. Bjs
Olá, estou apenas passando para avisar que o endereço do meu blog mudou, tem lá um pequeno esclarecimento.
Beijos,
Lu
http://entreogizeocoracao.blogspot.com/
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