segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
De céu e mais.
A janela do meu quarto me oferecia um céu inteiro. De súbito um edifício cortou-me um pedaço de céu.
O prédio não se fez em um dia, porém só o percebi ontem à tarde, o que me levou a pensar no quanto estou desatenta ao que me rodeia.
Indaguei sobre o que pensava enquanto os operários erguiam o grande edifício:
Será que prestava mais atenção aos vazios deixados pelas casas demolidas na vizinhança para erguer novas edificações ou, mesmo, aos meus próprios vazios? Será que me fixava em palavras e saudades? Será que me esforçava para aprender novos conceitos?
Talvez todas essas alternativas acrescidas a uma e outra preocupação expliquem o meu descaso com o céu recortado à minha revelia.
As reflexões se multiplicaram e eu, ansiosa, já me antecipava a pensar que logo iriam me tirar mais céu.
Foi quando me forcei a contemplar a paisagem que tenho agora e que é feita de presente, saudades e vontades futuras.
No momento escrevo e assisto uma entrevista com o poeta Ferreira Gullar e ele diz coisas preciosas. Começo a dividir a atenção entre o texto e o poeta. Ele ganha fácil. É conveniente parar por aqui.
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