segunda-feira, 7 de junho de 2010

Tem uma criança aí.


No meio da sala repleta a mulher tropeça e cai do salto. Mas é a menina quem sonda o ambiente e quase corre para os braços do pai, se lá estivesse o pai e não fosse ela uma mulher.
É a criança quem ri desbragadamente sem motivo algum quando a mulher dá vexame em um frouxo de riso fora de hora. Abençoada infantilidade, essa!
É também a menina quem chora um choro soluçado. Daqueles que só criança sabe chorar na fé de que alguém virá socorrê-la.
Tem mulher que chora assim antes de aprender que chorar não adianta. Um aprendizado que amargura algumas, antes de ensinar.
Tem sempre uma menina ou um menino atrás de um adulto que cai, soluça ou ri demais.
Existe, às vezes, uma criança precocemente envelhecida atrás de um adulto que não sabe chorar, nem rir de bobagem.
Tem até homens e mulheres que nunca caem. Desconfio que nesses morem crianças de olhos embaçados e sem marcas no joelho, que passam a vida na janela esperando outra criança cair para apontar.

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