sábado, 22 de maio de 2010

A Educação Sentimental


Minha abordagem é a de quem se encanta com a escrita cuidadosa, fluente e atraente de Gustave Flaubert.

Em A Educação Sentimental Flaubert lança um olhar irônico, mas também afetuoso sobre sua vida amorosa na França de Luis Felipe. O autor executou pesquisas exaustivas sobre o período historicamente turbulento no qual se desenvolve o romance.

A segunda edição de A Educação Sentimental traz trechos de cartas de Flaubert a amiga George Sand e a outros amigos com vistas a tirar dúvidas sobre acontecimentos da época.

As barricadas, os rumores socialistas e as mudanças de poder formam o pano de fundo para o amor burguês de Frederique Moreau por Madame Arnoux, mulher casada e dedicada à família.

Há um certo cinismo (realismo?) no relato das atitudes ambíguas dos personagens, incluindo Frédérique, uma evocação do próprio autor quando jovem.

O autor ri de si mesmo ao relatar os tropeços de seu protagonista. O medo da concretizar o relacionamento o paralisa. Frédérique ama na impossibilidade.

Entre Roem e Paris, ele avança e recua, sob a regência, aparentemente sem intenção, da mulher amada. A um simples olhar, um gesto apenas, Moreau fantasia e os devaneios guiam seus passos.


Os pensamentos dos personagens são narrados com fluidez; um raciocínio sobrepõe-se a outro com rapidez; a paixão, sempre, ganhando da razão.

Notável é a delicadeza com a qual o escritor descreve os encontros entre Frederique e Madame Arnoux desde o primeiro, no barco, até o último, muitos anos depois.

O romance é um clássico do realismo. É também o retrato que Flaubert, aos 56 anos, faz de sua juventude concluindo que na luta entre os sonhos e a realidade escolheu "o desprezo pelas tentações do mundo e o refúgio nas artes!"

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