quarta-feira, 27 de maio de 2009

Casa de Poeta.


Amanhecia constantemente na casa da poetisa. Alaranjado brilhante, para ser mais exata, foi a cor da casa de Adélia Prado, durante muito tempo, conforme o poema.
Casa de poeta ou coisa de poeta?
Não importa. Importa a cor amanhecida e linda.
Não me sentiria confortável amanhecendo a toda hora. Minha casa seria azul celeste ao meio-dia. Quando a tarde caísse eu a pintaria de dourado e ficaria na frente admirada até me dar conta da noite que nunca falta e até se adianta nessa época do ano. Com minha falta de jeito pintaria estrelas destorcidas e uma lua nova no cantinho.
Casa colorida é para poetas do porte de Dona Adélia. A minha é revestida de pastilhas sem gracinha, mas bem prática para a manutenção diz o senhor síndico.
Ainda assim vejo a rua, carros, gente e árvores daqui. Se espichar a visão alcanço um rasgo do verde que cobre as dunas que me separam do mar.




Impressionista


Uma ocasião,
meu pai pintou a casa toda
de alaranjado brilhante.
Por muito tempo moramos numa casa,
como ele mesmo dizia,
constantemente amanhecendo.

Adélia Prado.

2 comentários:

Anônimo disse...

casa colorida,cores da nossa alma que refletem nossos sentimentos.Casa de poeta como você já é colorida pelos olhos de quem enxerga a beleza de seus escritos,sua sensibilidade.Vi no seu texto uma reclamação de menina que gosta de desenhar nas paredes rss
beijão

Renata de Aragão Lopes disse...

Que postagem deliciosa...

Permito-me algumas paredes coloridas: alaranjadas e verdes. A casa amanhece e nunca que amadurece! (risos)