
Elisa ouvia a conversa dos pássaros, as batidas do seu coração e as vozes interiores que discutiam na solidão. A escuridão era atenuada pelo azul e pela última estrela que entrava pela janela.
Reconheceu a angústia que sempre acompanhava seus avanços individuais. Sentia-se aflita quando dava um passo à frente. Como se fosse uma criança aprendendo a andar, oscilava entre o êxito e medo de cair.
A falta de sono não lhe era desconfortável. Não havia tristeza. As saudades eram suaves, apenas a fronteira entre o passado e o futuro roubava o sono de Elisa.
A manhã já se instalara e o sono não vinha, ela então, voltou-se para o céu, recitando baixinho todas as orações que conhecia. Entre uma prece e outra ela revia os retratos colados na memória.
Entre um Padre Nosso e uma Ave Maria, um aperto no peito, um suspiro e um sorriso.
A Deus, agradecia, pedia perdão e a proteção do seus amados. À Nossa Senhora, suplicava que cobrisse com graças seu coração. Ao seu anjo da guarda, com candura, rogava sua amorosa vigilância.
Aos poucos as pálpebras tormaram-se pesadas e Elisa deitou-se nos sonhos profanos de alguém.
Evelyne Furtado, em 10 de janeiro de 2009.
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