domingo, 25 de abril de 2010

Do que não sei.


Até onde vai minha ignorância? Simplesmente não sei dizer. Mas sei que ela dá voltas em meus conhecimentos.
Saber que não sei quase nada, no exato momento em que descubro, causa-me constrangimento e mesmo uma leve angústia.
Ter consciência de que há uma enormidade de coisas que jamais saberei é saber-me limitada.
É difícil confrontar meus limites!
Mas os sentimentos ruins passam. É prazeroso demais saber que há muito que aprender para que eu perca tempo me lamentando.
A experiência do aprendizado é mágica em qualquer fase da vida. Não lembro o que senti ao ler a primeira palavra, porém dou conta da minha alegria ao conhecer um autor, encontrar uma palavra até ontem desconhecida, aprender um conceito novo, descobrir uma paisagem diferente.
Não sei nem mesmo onde vão meus sentimentos. A cada olhar me redescubro, aprendo e cresço percebendo que ainda tenho muito que crescer.
Hoje o novo para mim é um poeta novinho em seus noventa e poucos anos. Bebo suas palavras cheias de imagens, de sons, de terra e de graça. Lia aqui e ali algumas iluminações de Manoel de Barros, mas só agora tenho um livro seu entre as mãos.
“Um girassol se apropriou de Deus: foi em Van Gogh". Pois! Do muito que não sei, escolho esse verso do poeta do Pantanal, para aprender um pouco mais e bêbada da novidade me despeço.

sábado, 24 de abril de 2010

Palavreando.



A palavra dita a regra e alforria.
Palavra na garganta.
Palavra em pradaria.
A palavra é água.
A palavra é nada.
A palavra é bela.
A palavra é branca, negra, amarela.
Monossilabo ou palavrão
A palavra é mãe da ilusão
Se foge a palavra exata; outra palavra às mãos acorre.
A palavra é ninho e passarinho.
A palavra bate nos dentes.
A palavra, a língua, o carinho.
Pedra, a palavra é dura.
A palavra é pedra de açúcar.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Desarquivando Sonhos.


Acordei um sonho adormecido na adolescência quando uma tal fluência verbal, verificada em um teste vocacional, direcionou-me meio sem querer para outros caminhos.
O sonho foi guardado na gaveta "do que eu poderia ter sido", mas eu flertava com ele nas leituras aleatórias de Freud e Jung tentando compreender o mundo e a mim.
Com a alma convalescendo de uma fase de porquês, ao primeiro vento bom joguei-me no projeto arquivado.Voltei à faculdade e estudo Psicologia, ciência nascida da filosofia, pelas mãos de Wundt, na segunda metade do século XIX.
Ando meio deslumbrada, confesso, com os novos conhecimentos e cuido para que a bagagem desordenadamente acumulada nesse intervalo não atrapalhe meu projeto.
No momento, assim como William James, psicólogo funcionalista influenciado por Darwin, acredito que a mente funciona para nos manter a salvos e atrevo-me a acrescentar que se trabalharmos com esperança nossos processo interiores, poderemos em qualquer fase da vida desarquivar nossos sonhos.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Abril.


Há gente na rua, o céu é de um azul intenso e o calor amainou. Cansada da paisagem interior ela deu uma pausa na introspecção.
No momento não sente vontade de se justificar. Não desistiu de se compreender ou de compreender o mundo, apenas dedica-se simplesmente a ver a vida.
De sua varanda o asfalto parece-lhe coberto de prata. Tem a impressão de que todos os carros são prateados. Preferência dos consumidores ou imposição das fábricas de automóveis? Certamente o motivo está relacionado ao lucro.
Alongando a visão se gratifica em um ponto no outro lado da rua. É uma casa amarela com um jardim pequeno e bonito: Ixórias e construção formando um conjunto harmonioso.
A casa antiga entre edificios modernos é um presente para os olhos e âncora em meio às transformações incessantes da cidade em mutação. É também um ícone de resistência.
Debruça-se sobre uma das vias que levam ao mar. Dizem que há décadas ouvia-se o marulho de onde hoje ela observa a vida ouvindo os sons dos motores e dos trabalhadores em edificações vizinhas.
Agora nuvens se formam, venta bastante na varanda e o céu já não está tão azul. É abril, ela se dá conta, ao mesmo tempo em que lembra que tem um texto para escrever, uma matéria para estudar e uma vida para viver.

IMPRESSÕES.


I

Li sobre vampiros
Senti uma estranha fraqueza em meu corpo.
Fechei a página

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II

Sonhei com anjos
Emprestando-me asas
Acordei alguns metros acima do chão.

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III

Prestes a terminar mais um livro
Agarro-me á ultima página
Adio a solidão.

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IV
Respeito as letras mortas,
cuidadosamente escolhidas,
mas prefira ler a vida.

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V
Todo santo dia
visto e desnudo
emoções.

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VI

Ardi ontem
Chovi hoje
Lembrarei amanhã.

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VII

Em uma noite perdi seu olhar
Me encolhi no escuro
Apesar do luar.

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VIII

Meio dia.
Foi o que tive, quando esquecer a dor,
eu queria.




Reunião de poetrixes postados em 2008 no blog Meu Universo em Prosa e Poesia.