quinta-feira, 27 de novembro de 2008

PEQUENO TEXTO À SUA LEVEZA.




Minha alma ganhou sua luz. A leveza de seu amor quase me fez levitar, ao tempo em que uma ferida recente, por um átimo, chegou a doer.

- Ela é fantástica! Você me disse.
- Lindo! Exclamei daqui, pensando que já me senti assim.

Seus pés ainda se encontram acima do chão; eu me equilibro em um só. Mas uso uma asa emprestada para continuar os sonhos.

Você não está preparado para ir tão alto. Eu, não posso ir, pois ainda dói a última queda que sofri.

Você disse, entre risos, que é um menino. Eu sempre lhe vi menino e homem. Da mesma forma que me vejo menina quando sou mulher feita.

Nossas escuridões passadas encontraram-se, na celebração da luz. Ambos sabemos o quanto dói a ausência da vontade e não a queremos de volta.

Contive-me para que o sol não chegasse tão cedo. Contenho-me para não afastar sua presença e agradeço pela lágrima que suavemente me fez adormecer. Você me comove e sabe disso.

domingo, 23 de novembro de 2008

Entrega.

A tarde vibrou ao ouvir
Sua voz reforçando
O sonho que juntos
Ousamos sentir.
E volto às suas mãos
Com sua lembrança
Retorno a cultuar
A fundamental esperança
De ao teu fascínio
Meu corpo
Outra vez entregar.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Hoje é Dia de Maria.


Feriado em Natal. Dia de Nossa Senhora da Apresentação, padroeira da cidade. Todos os anos é celebrada uma missa, às cinco horas da manhã, na Pedra do Rosário, localizada nas margens do Rio Potengi, local onde pescadores encontraram a imagem da vírgem, em 1753.
A Pedra do Rosário é um dos pontos mais belos de Natal. O pôr do sol visto dali é indescritível. Trabalhei por um longo período no prédio do antigo jornal A República e no meu caminho diário era abençoada por Maria e pela beleza perene, com sol alto ou poente.
Eu amo Maria em todas as suas faces e denominações. Um amor respeitoso, ainda que íntimo. Amor de filha à sua Santa e cheia de graça mãe. Sinto-me à vontade para recorrer a ela, abordando todos os assuntos. Nada escondo, nada me intimida, nada me constrange quando me dirijo a ela, desde que seja para o bem.
Quando erro, também peço a sua intervenção para obter o perdão do pai e do filho.
Maria é meu segundo nome e também o da minha filha. Recebi essa proteção de minha mãe e transmiti à minha filha.
Hoje é dia de Maria e faz um sol lindo lá fora. O sol da Nossa Senhora que abençoa a cidade. No entanto, eu a agradeço, por me ter ofertado com chuva em meus sonhos quando se iniciava a madrugada.
Não fui á Pedra do Rosário, mas Nossa Senhora veio a mim purificando alma e coração.

Evelyne Furtado em 21 de novembro de 2008.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Rendição.

Eu procuro não temer
Rendo-me às tuas palavras
Que(ainda)me fazem arder.

domingo, 16 de novembro de 2008

Metamorfose.


Eu mudo as fotos. Mudo a face. Mudo o cabelo e a expressão.
Eu mudo o corpo, ou meu corpo muda à minha revelia.
Eu mudo o olhar. Mudo de humor. Mudo de roupa.Mudo de lugar.
Mudo de idéia. Mudo de opinião. Mudo de canal. Mudo de autor.
Mudo a música preferida, sem das outras deixar de gostar.
Mudo a visão ao alargar o olhar.
Mudo de par quando não mais dá para o mesmo amor amar.
Mudo de cama. Mudo de dor, mudo de cor.
Mudo o aroma da flor.
Mudo forma e pensamento, mas sou a mesma a mudar.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

PENSANDO O AMOR.




Começo a escrever lembrando que o amor não é para ser pensado. O amor é para ser vivenciado. Uma experiência que justifica a existência.
Porém há amores e amores. É sobre isso que penso e escrevo nessa manhã de domingo.
Não preciso pesquisar para saber que há amores que edificam os amantes e amores que os destroem.
Quando amo desejo o melhor para o amado e nisso não há altruísmo é conseqüência natural do sentimento. É bom que deixe claro que não falo do amor idealizado.
Não sou tão elevada a ponto de não sentir ciúme e de abrir mão facilmente do desejo de ser amada para que o outro busque outra pessoa para amar.
Se amo e me sinto feliz, naturalmente pretendo continuar assim e me ressinto se o ser amado não está inteiramente comigo.
Mas, sei desistir: “se você não mais me ama, pode seguir". Eu vou chorar, espernear, porém me refaço e sigo em outra direção. Pode levar um tempo, como na letra de Lulu Santos, mas um dia deixa de “ferir por dentro”.
Enquanto isso razão e emoção brigam dentro de mim causando um maremoto. Ansiedades, tensões, depressão, ousadias, desvarios, medos e desejos convivem por longo período.
Porém um dia o mar interior acalma-se.É quando reflito sobre o amor que constrói e o amor que destrói.
O amor construtivo permite o crescimento do outro, respeita as suas limitações, alimenta a relação, protege o ser amado.
O amor que destrói, se é que se pode chamar de amor tal sentimento, é competitivo, relapso e controlador.
Há quem pense amar aquele que lhe ofereça alguma vantagem (não necessariamente material) e ao mesmo tempo o faça sentir-se poderoso na relação. Se o esquema deixa de funcionar passa-se a usar armas contra quem se diz amar.
Eu não sei como você ama, mas sei como eu amo. Quando amo sou generosa, leal, afetuosa e ardente. Sou também exigente quanto à reciprocidade desse amor.
Não gosto de amores platônicos. Não sei amar assim; mas há quem saiba. Não gosto de amores baseados em mentiras: há quem se alimente disso. Sou exigente quanto ao contato físico, não aprendi amar sem praticar o amor; há quem se satisfaça sem o encontro de corpos: eu (ainda) não.
O amor no qual acredito é o amor integral dentro dos limites humanos. O amor que faz com que eu guarde pequenas lembranças que simbolizam o crescimento do homem amado. O amor que deixa um gosto bom na boca e que me orgulhe de ter vivido ao final, porque o amor pode acabar, mas se foi amor verdadeiro não deixa amargo, no dia seguinte, o paladar.

domingo, 9 de novembro de 2008

MIRAGEM.

Acordei com o gosto do deserto
Onde o sol queimou meu coração
Feriu minha pele
Chamuscou minha alma
Dias que não desejo retornar
Noites que evito lembrar
Calor e frio me invadiam
Sede infinita do teu olhar
Fome de ti a me matar
Unhas enfiadas no chão
Olhos cegos
Farrapos de mulher a vagar
Meu choro saciou a sede
E um fruto fez germinar
Perdi-me de ti e de mim
Aceitei uma mão estendida
Achei-me em outro olhar
Fartamo-nos, dos deuses, o maná
Brincamos o que sabíamos brincar
Falamos a língua dos anjos
Entendiamo-nos ao nos tocar
Hoje doce lembrança
Que me salva o despertar.

Evelyne Furtado, 07 de novembro de 2008.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

ONDE EU ESTAVA COM A CABEÇA?





Onde eu estava com a cabeça? Anatomicamente sob o pescoço que é o devido lugar para se ter uma cabeça, porém só aparentemente, pois a mente não estava lá.

Vinha me recuperando da dor na lombar e tive a primeira tarde agradável em dias. À noite quebrei a dieta e o pé.

Valeu à pena quebrar a dieta, afinal era aniversário de minha irmã e saboreei sem culpas as calorias em formas de salgados e doces deliciosos.

Quanto ao pé, nada a fazer senão voltar ao repouso, agora calçando um modelito nem um pouco elegante, mas adequado para sarar a fratura.

Acabei de ler o texto de Ângela Gurgel e comentei que no creo en las brujas. Yo no creo, mismo! Nenhuma bruxa me empurrou degraus abaixo.

Na verdade eu ando nas nuvens e caio vez ou outra. Como ver um degrau quando estou com o pensamento tão longe dali?

A queda de terça-feira foi literal. Bolsa para um lado, chaves do carro para o outro, eu estatelada no chão.

Fui atendida na hora. Rodeada de gente, entre elas uma prima enfermeira que imediatamente trouxe o ártico para o meu pé machucado e três ou quatro cavalheiros que me ergueram com cuidado.

Andei questionando os acontecimentos recentes e acho que tem um sentido além do meu estilo "aquariana estabanada" e dessa lua em escorpião que mexe com minhas emoções.

Tem sim e não está ligado às bruxas. Há um Ser maior freando meus passos e pensamentos. Há anjos cuidando de mim e um bridão me obrigando a parar, como no texto de Zelinha.

_ "Juízo, Evelyne! E pelo amor de Deus, olhe por onde anda. Ainda há tempo de aprender a manter a cabeça no lugar".

Evelyne Furtado, em 31 de outubro de 2008.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

A Tarde em Apogeu.


A tarde passa pelas minhas costas com o vento de quase verão trazendo paz e esperança. A tarde é azul como alguns dos meus escritos. A tarde, nessa costa do Atlântico, é morna, porém arejada, provocando ótimas sensações. É a tarde em seu apogeu que recebo ao olhar o céu que nos cobre.