segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Força da Lua.



A lua nos brinda com sua força:
Movendo as marés
Afetando humores
Aflorando instintos
Afligindo os loucos

A lua brilha e linda,
Ilumina noites
Doura o mar
Acorda os amantes, e,
Inspira poetas,
que a cantam , bem ou mal.

Evelyne Furtado

terça-feira, 21 de agosto de 2007

EU.



Entre o doce colo

E o firme solo:

Eu

Entre a honradez

E toda nudez:

Eu

Entre a alheia lua

E a que se diz sua:

Eu.


Evelyne Furtado

sábado, 18 de agosto de 2007

A Espera do Sol




A vida de Amanda está em pausa. Algo acontece longe dela. Algo que ela não pode interferir, mas que pode feri-la e muito. Ela lembra dos melhores momentos vividos com seu amor e que a levou a sonhar com uma vida feliz ao lado dele. Amanda espera. A vida lhes deu um susto.Talvez seja a hora de decisão. Uma decisão na qual ela não tomará parte, mas que a influenciará profundamente. Imóbilizada, nada poderá fazer a não ser tocar sua vidinha. A distancia deixa-a em desvantagem; a ética também. Ela não tem meios de persuasão. A única coisa que Amanda pode fazer é oferecer o seu amor. Também pode lembrá-lo da vida que podem ter juntos e dos sonhos que ele a ensinou a sonhar. Amanda que já escondeu seu romantismo atrás do ceticismo, hoje o expõe, pois ele a convenceu a liberar esse lado que a defendia da dor. Hoje Amanda ama e sonha. Sonha com uma felicidade a dois. Com um projeto a ser compartilhado. Com a possibilidade de ser feliz de verdade. Mas Amanda também sente medo. Sente-se frágil e sabe que há muito em jogo. Ela quer acreditar que o sonho possa se realizar. Amanda olha pela janela e não vê a lua, sua companheira. Está só e noite escura costuma lhe trazer medo. Mas espera que o sol venha lhe trazer um alento, da mesma forma que a acalmava quando ela era criança e o escuro a assustava. A ansiedade alcança Amanda em uma noite de lua nova com uma chuvinha fina , cujo barulho chega aos seus ouvidos. A vida de Amanda está em pausa. É hora de esperar. Amanda tem consciência que pode fazer mais; pode aprender a lidar com essa ansiedade que a leva a desespero inócuos. Ainda assim, espera o Sol para lhe acompanhar.
L. M.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Um Anjo em Meu Coração.



Tem um anjo aqui na minha frente
Anjo não tem costas
Anjos só têm frente.

Um anjo me sussurra coisas sem nexo
Anjos falam uma língua estranha
Anjos falam uma língua sem nexo

Tem um anjo cuidando de mim
Anjos não nos abandonam
Anjos cuidam bem de mim.

Um anjo acaricia de longe o meu corpo
Anjos são carinhosos
Anjos são bons em acarinhar o corpo.

Tem um anjo morando em meu coração
Esse anjo me faz feliz
Esse anjo tem a posse do meu coração.

domingo, 12 de agosto de 2007

Compro Felicidade.



Onde se vende felicidade? Ando procurando, mas não é um artigo fácil. Hoje passei a tarde em um shopping com duas amigas. Almoçamos, rimos e conversamos. Compramos também. Não dá para fingir que é chato fazer compras. Eu não finjo. Compro nem que seja um batom, um creme novo ou um chocolate. Minha renda não permite grandes aquisições. Tomara que um dia permita, pois sou igual à maioria e tenho lá meus sonhos de consumo, mesmo que não seja um fim em si. O que me aflige é que não vendem felicidade nos shoppiings. Aliás, a felicidade não é um artigo à venda e por isso nos entupimos de dívidas e guloseimas buscando a satisfação. Então, vêm as contas e as dobrinhas indesejáveis e ficamos profundamente infelizes. Mas, dizem, que há solução. Emagreça e serás feliz! Alardeiam as panacéias para emagrecer. “Malhe”, falam. Um amigo, tão amigo que é meio-irmão, diz que me leva (arrastada) para academia e me devolve em casa vivinha, embora quebrada. Coitado, se não for amarrada não vou. Para ele, exercício físico é uma fonte de felicidade. Acredito, pode até ser, mas o conheço bem e sei que nem sempre ele está feliz, assim como ninguém é totalmente feliz. Há pessoas como a minha mãe, que associam a generosidade e o bom caráter à obtenção da felicidade. Um Prêmio. Até concordo que agindo com justiça e amor somos mais felizes conosco, mas e com os outros? Não sou má, ao contrário tento ser legal, honesta e ética com as pessoas com as quais me relaciono. Tenho tido sucesso com atitudes fundadas nessas bases e me sinto bem com isso, porém nem sempre as pessoas me tratam da mesma forma. E então, eu sofro. É claro que dá prazer o reconhecimento. Fico orgulhosa de ver a minha filha feliz e saber que contribuí para isso.Também fico satisfeita de ter meu ex-marido como um amigo da família. Que bom termos vencidos as mágoas e convivermos com respeito e afetuosidade. Que maravilha ver nossa filha de 21 anos, aprendendo a amar a irmãzinha de meses. A família é abençoada, graças a Deus! Porém já superamos momentos tristes. Amigos tenho os melhores. Com alguns não convivo muito, mas os amo. Outros vejo sempre, morro de rir com ele, choro e também os amos. Amores eu tive (parece letra de música, concordo). Hoje eu tenho amor. E ainda assim luto para ser feliz. Carreira, projetos, um mundo melhor. Vida a dois feliz. Tudo isso eu quero, mas é árdua a conquista. Não encontrei a felicidade para vender. Quer saber? Se tiver à venda é melhor que eu nem tome conhecimento, pois deve ser artigo muito caro e não tenho tanto. Seria mais uma frustração. Por enquanto vou sonhando em ser feliz. Sonhar não custa nada e hoje eu sonho com você.

Evelyne Furtado, em 11 de agosto de 2007.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

ALÉM DO AMOR.



O que há por trás do amor?
Minha vista não alcança
Nada vejo além da dor.

Ensinaram-me um sortilégio
Para não perder seu amor
Mas não usarei o privilégio:
Amor só se atrai com amor.

Lembraram-me também uns versos
De um gênio da poesia
Rico em seus quatro universos.

Talvez não chegue ao Bojador
Não sei o que fazer com tanto amor,
Que insiste em rimar com a dor.

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Maria Antonieta: minha simpatia pela rainha difamada.



Tenho uma enorme simpatia por Maria Antonieta, a última rainha da França. Porém, esse sentimento nasceu muito depois que deixei os bancos da escola, uma vez que os livros de história, pelo menos os do meu tempo, tratavam-na pessimamente. Que horror aquela rainha má mandando o povo, que passava fome, comer brioche! Além de déspota, debochada!
Assim era ensinado no colégio. Vim conhecer melhor a vida de Antonia (seu nome original) há pouco tempo e desde então nutro carinho, piedade e admiração por sua majestade.
Antes me apaixonei pela Aldeia da Rainha, no entorno de Versalhes. É tão lindo, o lugar, que a mim tocou muito mais do que o próprio Castelo, inegavelmente belo. Percorri emocionada a tal fazendinha onde Antonieta brincava de camponesa e onde ainda hoje os guias difamam a coitada, que não escapou das más línguas nem depois de morta.
A partir dessa visita fui me interessando mais pela Rainha. Na livraria encontrei "Versalhes, O Refúgio da Última Rainha", de Kathryn Davis, um livro que trata da vida de Antonieta na França, em narrativa delicada e tocante.
Depois fui às biografias e Evelyne Lever, historiadora francesa deu-me tudo que faltava para que eu me envolvesse a ponto de torcer pela fuga da família real, forjada pelo Conde Axel (pretenso amante da rainha), para se salvar da prisão e da guilhotina. A sensação é semelhante a torcer pelo time do coração durante a reprise de um jogo no qual sabemos este foi derrotado. De qualquer maneira, fui solidária com a triste rainha e sua família até o fim.
Antonia saiu da Áustria, ainda menina, para o casamento com o futuro rei da França. Deixou mãe, irmãos, sua "casa" e foi morar com estranhos.
Que material para a psicanálise, hem? Quanta mágoa ela não devia sentir daquela mãe autoritária, a quem nunca mais viu, mas que continuou a manipulá-la por meio de cartas enquanto viveu?
E o casamento de Antonia e Luis? Pelo que sabemos dignos de pena quanto à ausência de romantismo e sex appeal. Todavia, pareciam muitos unidos. Havia um amor quase de irmãos entre eles.
De outro lado, não existe confirmação do envolvimento amoroso da rainha com o conde sueco, porém acredito que era bastante compreensível a aproximação dos dois, diante do total desinteresse do rei pelas coisas do coração (e do corpo).
Das minhas leituras restou a conclusão de que rei e rainha não estavam preparados quando da coroação e pagaram caro por essa precipitação, que não foi da vontade do casal real. A morte do avô levou um Luís XVI tímido e despreparado ao trono da França.
Na verdade eu simpatizo com os dois, mas faltava ao rei a personalidade vibrante que sobrava na rainha. Ambos sofreram muito. A invasão de Versalhes ocorreu logo após a morte do delfim, filho tão aguardado, quanto amado, mas eles suportaram tudo com dignidade. De acordo com os historiadores que agora resgatam a verdade, rei e rainha aceitaram com resignação as últimas humilhações e a tragédia final. Enfrentaram julgamentos e condenações justas e injustas, foram submetidas a penas cruéis e a família foi separada.
A Maria Antonieta foi impingida a pior das calúnias: acusaram-na de atos libidinosos com o filho. Dessa acusação ela foi absolvida, das outras não. A rainha antes de ser guilhotinada, sofreu tudo que uma mulher poderia suportar. Perdeu o contato com a família, sofreu hemorragias na pequena cela que a abrigava sem direito ao mínimo cuidado, foi tratada como um animal, porém foi aí que ela revelou a face maior do seu caráter: a rainha foi humilde e digna na dor.
Longe de mim discutir a história aqui. Apenas gostei de descobrir a humanidade por trás desses personagens históricos e adorei ver no cinema a Maria Antonieta pop, quase atual, mas, sobretudo cheia de vida, de Sofia Coppola. As cores, a música e a alegria do filme fizeram-me muito bem. E foi com gratidão que vi os créditos subirem na bela cena da saída do casal real de Versalhes. A diretora poupou à rainha e ao público sofrer mais uma vez com a visão do calvário.